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SBOC REVIEW

Cemiplimabe combinado a quimioterapia comparado a quimioterapia isolada para câncer de pulmão não pequenas células: um ensaio clínico, randomizado, controlado e duplo-cego

Resumo do artigo:

A atividade e eficácia de agentes anti-PD1/PD-L1 para câncer de pulmão não pequena células (CPNPC) sem alterações driver é conhecida após estudos com pembrolizumabe isolado ou associado a quimioterapia, e também a combinação de atezolizumabe a quimioterapia e bevacizumabe. Além disso, temos também resultados positivos com combinações de inibidores de checkpoint nesse cenário, o que torna desafiadora a seleção do tratamento mais adequado para cada paciente.

Neste contexto, o cemiplimabe, um agente anti-PD1 que, recentemente, demonstrou ganho de sobrevida quando comparado a quimioterapia em pacientes com expressão de PD-L1 acima de 50%, foi testado em pacientes com CPNPC independente da expressão de PD-L1 e da histologia (escamoso ou não-escamoso).

Neste estudo de fase III, randomizado e duplo-cego, foram incluídos pacientes diagnosticados com CPNPC estádios IIIB/C não candidatos a quimiorradioterapia definitiva e estádio IV sem tratamento prévio, ECOG 0-1 e sem mutações driver (EGFR, ALK, ROS1). O desfecho primário do estudo era sobrevida global (SG), e os secundários foram: sobrevida livre de progressão (SLP), taxa de resposta objetiva (TRO) e desfechos reportados pelos pacientes (questionários de qualidade de vida), e segurança e toxicidade.

Foram randomizados (2:1) 466 pacientes para receber cemiplimabe 350 mg ou placebo combinado a um doublet de platina. Em relação a população, a mediana de idade foi de 63 anos, 57% apresentavam histologia não-escamosa e aproximadamente 15%, doença localmente avançada. No que tange a expressão de PD-L1 29,8%, 37,6% e 32,6% apresenteram PD-L1 < 1%, 1-49% e > 50%, respectivamente.

O estudo foi interrompido precocemente por recomendação do comitê de monitoramento após atingir critérios pré-definidos de eficácia para sobrevida global.

Com um seguimento mediano de 16,3 meses, atingiu-se uma SG mediana de 21,9 meses contra 13,0 meses (HR = 0,71; IC 95%, 0,53 – 0,93; p =0,014) favorecendo o braço experimental. Apesar do estudo não ter poder para estimar a eficácia nos subgrupos, o ganho numérico foi observado independente da histologia (escamoso 21,9 vs 13,8 meses; não-escamoso 15,8 vs 13,0 meses).

A mediana da SLP foi de 8,2 meses versus 5 meses com significância estatística. O grupo experimental apresentou TRO 43,3% enquanto o braço controle 22,7% – com um destaque para a correlação entre a taxa de resposta com o grau de expressão de PD-L1.

Quanto as toxicidades, no braço da combinação houveram 43,6% de eventos adversos ≥ grau 3 comparado a 31,4% no braço controle, com destaque para a mielotoxidade. Ademais, os investigadores identificaram 18,9% de eventos adversos imunomediados no braço com a imunoterapia, sendo 2,9% deles de grau ≥ 3.

Dessa forma, o estudo EMPOWER-Lung 3 demonstra que a adição de cemiplimabe a quimioterapia traz ganho em sobrevida global na população com CPNPC independente da histologia ou grau de expressão de PD-L1.

 

 

Gogishvili, M., Melkadze, T., Makharadze, T. et al. Cemiplimab plus chemotherapy versus chemotherapy alone in non-small cell lung cancer: a randomized, controlled, double-blind phase 3 trial. Nat Med 28, 2374–2380 (2022). https://doi.org/10.1038/s41591-022-01977-y.
Cemiplimabe combinado a quimioterapia comparado a quimioterapia isolada para câncer de pulmão não pequenas células: um ensaio clínico, randomizado, controlado e duplo-cego.

 

Comentário do avaliador científico:

O estudo reforça que agentes anti-PD1/PD-L1 são pilares no tratamento em 1ª linha de pacientes com CPNPC sem alterações driver, levando a ganhos substanciais de sobrevida global e com pacientes experimentando respostas duradouras.

Como particularidades do estudo, destaca-se a inclusão de pacientes com doença localmente avançada (IIIB/C) não candidatos a tratamento definitivo, uma situação recorrente na prática clínica e que mostrou derivar benefício da associação neste ensaio clínico.

Cabe ressaltar que, apesar dos avanços recentes, cemiplimabe é apenas o segundo agente anti-PD1 que demonstrou ganhos de sobrevida global isolado ou em combinação apenas com quimioterapia no tratamento do CPNPC fazendo necessário explorar mais agentes neste cenário.

Por fim, recentemente o FDA aprovou esquemas que associam agentes anti-CTLA4 na 1ª linha de tratamento abrindo espaço para discussões incitantes tanto em relação ao benefício da intensificação dos regimes quanto em relação ao perfil de paciente mais adequado para cada um deles.

 

Avaliador científico:

Dr. Paulo Siqueira do Amaral
Residência em Oncologia Clínica pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)
Oncologista Clínico no ICESP e na Oncologia D’Or São Paulo