Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Correlação clínico-patológica entre níveis trófico-adiposos e desfechos de mau prognóstico em mulheres brasileiras com diagnóstico de câncer de mama

Resumo do artigo:

O artigo descreve o perfil clínico-patológico de pacientes com câncer de mama e sua associação com o excesso de peso corporal. Trata-se de um estudo observacional descritivo com 126 mulheres com câncer de mama atendidas entre 2015 e 2017 em um hospital referência em câncer de 27 municípios do sudoeste do Paraná. Os pacientes foram classificados de acordo com a idade ao diagnóstico, índice de massa corporal, estado da menopausa, subtipagem molecular de tumores, características histológicas e estratificação de risco. Foram incluídas 126 pacientes com câncer de mama, e mais da metade delas apresentava peso corporal excessivo (IMC médio de 27,5kg/m2). Houve predomínio do subtipo molecular triplo negativo em mulheres com sobrepeso, que também apresentaram maior frequência de tumores maiores que 2 cm e tumores de alto grau histológico. O artigo destaca ainda a ocorrência de associações significativas no subgrupo com sobrepeso/obesidade, como a ocorrência de tumores no subtipo luminal B e o grau intermediário, e a presença de êmbolos angiolinfáticos com o alto risco de recorrência da doença. Os dados indicam que o excesso de peso é determinante de pior prognóstico em mulheres com câncer de mama no sudoeste do Paraná.

 

Rech D, Tebaldi DG, Malanowski J, Scandolara TB, Jaques HS, et al. Clinicopathological correlation between trophic-adipose levels and poor prognosis outcomes in Brazilian women diagnosed with breast cancer. Braz J Oncol. 2021;17:e-20210027.
Correlação clínico-patológica entre níveis trófico-adiposos e desfechos de mau prognóstico em mulheres brasileiras com diagnóstico de câncer de mama.

 

Comentário da avaliadora científica:

A ocorrência de sobrepeso e obesidade é apontada como fator de risco para o câncer de mama em mulheres pós-menopausa. Entretanto, pouco se sabe sobre sua influência no perfil clínico de mulheres já diagnosticadas com a doença. Este estudo destaca a elevada ocorrência de excesso de peso corporal nesta população, condição também observada na população mundial. Demonstra ainda que há predomínio de tumores triplo-negativos (TNBC) em associação a marcadores de agressividade tumoral. A intervenção em alvos que atuam na lipogênese tumoral tem se demonstrado promissora para impedir a expansão das stem cells responsáveis pelo relapso do TNBC. A associação positiva entre a recorrência da doença e a presença de êmbolos angiolinfáticos na população estudada reforça o papel do excesso de gordura na geração de fenômenos inflamatórios capazes de alterar a reatividade endotelial e facilitar a formação de trombos, fenômeno correlacionado à hipóxia e a aquisição de fenótipos metastáticos. Apesar da limitação do pequeno n amostral e da falta de dados sobre o perfil de sobrevida, o estudo aponta para a importância de se incluir o sobrepeso/obesidade nas tomadas de decisões clínicas em oncologia.

 

Avaliadora científica:

Dra. Carolina Panis
Mestre e Doutora em Patologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Pós-Doutora em Oncologia pelo INCA
Pesquisadora visitante na Harvard T.H. Chan School of Public Health - Harvard University, Estados Unidos
Coordenadora do Laboratório de Biologia de Tumores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)