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SBOC REVIEW

Escalonamento de dose de Regorafenibe em pacientes com câncer colorretal metastático (ReDOS): estudo de fase 2, randomizado, multicêntrico, open-label.

Resumo do artigo:
O Regorafenibe é um inibidor multi-kinase, via oral, apresentando ação anti-angiogênica, anti-estromal e anti-oncogênico. A droga foi aprovada para tratamento do câncer colorretal metastático refratário às terapias padrões e, apesar do benefício em sobrevida, a utilização da droga é limitada pela ocorrência de eventos adversos, principalmente Síndrome mão-pé, fadiga, hipertensão arterial. Este perfil de toxicidade é mais expressivo nos primeiros dois ciclos.


No intuito de melhorar a tolerância ao Regorafenibe, o estudo ReDOS (regorafenib dose-optimisation study), avaliou a estratégia de escalonamento de dose da medicação. Trata-se de um estudo de fase 2, open-label, que randomizou 123 pacientes para 4 braços (1:1:1:1) comparando 2 regimes de doses de Regorafenibe (dose padrão vs dose escalonada), e 2 estratégias de uso de Clobetasol creme (profilático vs terapêutico para ocorrência de síndrome-mão pé). Dada a falta de interação entre as duas intervenções, os dados foram analisados em conjunto.


Os regimes de Regorafenibe consistiam de um braço de dose padrão com 160mg ao dia durante 21 dias consecutivos a cada 28 dias, e a estratégia semanal de escalonamento com dose inicial de 80mg/dia na semana 1, 120mg/dia na semana 2, e se tolerância, atingindo a dose de 160mg/dia na semana 3.


O End point primário do estudo foi a porcentagem de pacientes que iniciaram o ciclo 3 de tratamento. Este endpoint foi atingido, com 43% dos pacientes no grupo de escalonamento de dose iniciando o ciclo 3 em comparação com 26% dos pacientes no grupo de dose padrão (P = 0,043). O endpoint secundário de sobrevida global foi de 9,8 meses no braço de escalonamento de dose versus 6,0 meses no braço padrão (P = 0,12).


Os eventos adversos (EAs) de grau 3/4 mais frequentes foram fadiga (13% no braço de escalonamento de dose versus 18% no braço de dose padrão), síndrome mão-pé (15% vs 16%), dor abdominal (17% vs 6%) e hipertensão (7% vs 15%). A estratégia de escalonamento de dose apresentou uma tendência de melhor qualidade de vida.


Os autores concluíram que o escalonamento de dose para o Regorafenibe é uma alternativa viável para a estratégia padrão de dose de regorafenibe de 160 mg / dia e, que a mesma não afeta negativamente a atividade, sendo bem tolerada.

 

Regorafenib dose-optimisation in patients with refractory metastatic colorectal cancer (ReDOS): a randomised, multicentre, open-label, phase 2 study
Bekaii-Saab TS, e cols The Lancet Oncology, vol 20, Issue 6, P 741-886, e285-e343 (June 2019)
Escalonamento de dose de Regorafenibe em pacientes com câncer colorretal metastático (ReDOS): estudo de fase 2, randomizado, multicêntrico, open-label.

 

Comentários do editor:
- Apesar das limitações de um estudo de fase 2 e com amostra limitada, a estratégia mostrou ser uma opção factível na prática clínica aumentando a tolerância e a adesão à droga.
- Em 2018 o NCCN atualizou as diretrizes de tratamento, incluindo o escalonamento de dose do Regorafenibe como opção no tratamento do Câncer Colorretal metastático refratário.
- Cabe ressaltar a importância de selecionar adequadamente os pacientes elegíveis para a droga, visto que no presente estudo, apesar de status de desempenho ECOG de 0 e 1, a incidência de toxicidade foi relevante.

 

Editor:
Dra. Florença Neves Copati

- Oncologista Clínica do COT (Centro Oncológico do Triângulo) / Grupo Oncoclínicas - Oncologista Clínica do Hospital do Câncer de Uberlândia-MG - Preceptora da Residência Médica em Cancerologia Clinica do Hospital do Câncer da Universidade Federal de Uberlândia-MG - Coordenadora da Enfermaria de Oncologia Clínica do Hospital do Câncer de Uberlândia-MG.

 

Revisora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.