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SBOC REVIEW

Especial ASCO 22 – Tumores de Cabeça e Pescoço

Resultados de estudo de fase 3 randomizado para o uso de docetaxel como radiossensibilizante em pacientes com câncer de cabeça e pescoço não candidatos a quimiorradioterapia baseada em cisplatina

Resumo do artigo:

Quimiorradioterapia baseada em cisplatina vem sendo o tratamento padrão para doença localmente avançada dos pacientes com carcinoma escamosos de cabeça e pescoço, tanto no cenário adjuvante quanto no cenário definitivo por mais de 20 anos. Na população não candidata a cisplatina, carecem de evidências robustas opções de drogas em sua substituição, com dados apenas comparativos em população elegível para platina.

Este estudo indiano trata-se do primeiro estudo de fase 3, randomizado, aberto, em pacientes com carcinoma espinocelular (CEC) de cabeça e pescoço cisplatina inelegíveis, com ECOG 0-2, que comparou radioterapia isolada com docetaxel 15 mg/m2 semanal por um máximo de 7 ciclos. Em 356 pacientes randomizados 1:1, houve benefício significativo no desfecho primário de sobrevida livre de doença (SLD) em 2 anos (42% x 30,3%; HR 0,67 p = 0,002), além de significativo benefício em sobrevida global mediana (25,5 m x 15,3 m; p = 0,035), favorecendo o grupo que recebeu docetaxel. O perfil de toxicidade demonstrou maior toxicidade grau 3 a favor do docetaxel (81,6% x 58%), com maior incidência significativa de mucosite, odinofagia e disfagia, porém sem piora nos níveis de qualidade de vida em 6 meses. Diante do exposto, docetaxel concomitante a radioterapia coloca-se como mais uma opção de escolha para tratamento definitivo/adjuvante para pacientes não candidatos a cisplatina. Outras opções nesse cenário incluiriam carboplatina e cetuximabe, no entanto carecem estudos comparativos nesse cenário entre essas drogas.

 

Results of phase 3 randomized trial for use of docetaxel as a radiosensitizer in patients with head and neck cancer unsuitable for cisplatin-based chemoradiation. ABSTRACT LBA 6003.
Resultados de estudo de fase 3 randomizado para o uso de docetaxel como radiossensibilizante em pacientes com câncer de cabeça e pescoço não candidatos a quimiorradioterapia baseada em cisplatina.

 


 

Radioterapia isolada versus quimiorradioterapia em carcinoma de nasofaringe de baixo risco: Estudo de fase 3 de não inferioridade, multicêntrico e aberto

Resumo do artigo:

Nos pacientes EC II, o tratamento do carcinoma de nasofaringe padrão inclui o tratamento concomitante de quimio e radioterapia com ou sem QT de indução ou adjuvante. Os dados que embasam essas opções foram com radioterapia 2D e sem IMRT.

Diante disto, este estudo chinês fase 3, multicêntrico, de não inferioridade, comparou, no cenário de carcinoma de nasofaringe T1-2N1/T2-3N0M0, de baixo risco (necessariamente com linfonodos < 3cm, ausência de linfonodos no nível IV ou mais baixos e com EBV DNA < 4000 cópias) a opção de radioterapia isolada IMRT 66Gy com radioterapia com cisplatina 100 mg/m2 a cada 3 semanas. Com 341 pacientes randomizados, o estudo atingiu o desfecho primário de não inferioridade para sobrevida livre de falha (90,7% para RT isolada x 92,1%; p = 0,00017), assim como não houve diferenças em sobrevida global, recidiva locorregional e metástases a distância. O grupo com radioterapia isolada ainda apresentou menores toxicidades hematológicas graus 3-4 e não hematológicas, tais como vômitos, anorexia, mucosite e perda de peso.

 

Radiotherapy alone versus concurrent chemoradiotherapy in intermediate risk nasopharyngeal carcinoma: A multicentre, open-label, noninferiority, randomised phase III trial. ABSTRACT 6000.
Radioterapia isolada versus quimiorradioterapia em carcinoma de nasofaringe de baixo risco: Estudo de fase 3 de não inferioridade, multicêntrico e aberto.

 


 

(ConCERT trial) Ensaio clínico randomizado de fase 3, aberto, de não inferioridade, com cisplatina semanal versus a cisplatina a cada 3 semanas, concomitante a radioterapia, em carcinoma escamoso de cabeça e pescoço

Resumo do artigo:

Apesar do tratamento com cisplatina 100 mg/m2 a cada 3 semanas ser considerado o tratamento padrão no carcinoma espinocelular (CEC) de cabeça e pescoço localmente avançado, cisplatina semanal é considerado como opção não inferior em algumas evidencias prévias.

Este estudo indiano de fase 3, multicêntrico, de não inferioridade, foi avaliado cisplatina 40 mg/m2 semanal (7 sem) comparado ao padrão com 100 mg/m2/3 sem, nos pacientes com CEC não nasofaringe, EC III-IVB, no cenário de tratamento definitivo. 278 pacientes foram randomizados, com benefício atingido no desfecho primário de controle locorregional em 2 anos (57,69% semanal vs 61,53% a cada 3 semanas, com diferença de 3,84% dentro do intervalo de até 10% de não inferioridade pré-estabelecido), além de não apresentar diferença significativa no controle locoregional mediano, SG e SLP. O mesmo vale também para as taxas de resposta parcial + resposta completa entre os braços teste e controle. Foi identificado melhor tolerância do tratamento semanal, com menos interrupções, hospitalizações, necessidade de hidratação venosa, mucosite, mielossupressão, toxicidade renal, vômitos e hiponatremia.

Este estudo reforça o dado de cisplatina semanal 40 mg/m2 como estratégia não inferior ao tratamento com 100 mg/m2, com melhor perfil de toxicidade.

 

An open-label, noninferiority phase III RCT of weekly versus three weekly cisplatin and radical radiotherapy in locally advanced head and neck squamous cell carcinoma (ConCERT trial). ABSTRACT 6004.
(ConCERT trial) Ensaio clínico randomizado de fase 3, aberto, de não inferioridade, com cisplatina semanal versus a cisplatina a cada 3 semanas, concomitante a radioterapia, em carcinoma escamoso de cabeça e pescoço.

 


 

Estudo de definição de dose e confirmação de eficácia da infusão intra-arterial superseletiva de cisplatina concomitante a radioterapia para câncer de seio maxilar localmente avançado (JCOG1212): Resultados da fase de confirmação de eficácia na coorte T4a

Resumo do artigo:

Pacientes com câncer de seio maxilar localmente avançado tem na cirurgia, com ou sem exanteração de órbita, o seu tratamento padrão, por vezes desafiadora pela localização e presença de estruturas nobres ou limitantes próximas.

O estudo JCOG1212 é um estudo multicêntrico japonês de não inferioridade que avaliou a segurança e eficácia de quimioterapia superseletiva intra-arterial com cisplatina 100 mg/m2, semanalmente, concomitante a radioterapia (70Gy). Os pacientes elegíveis nesta coorte foram os pacientes com doença T4a. Foram avaliados 65 pacientes (1 excluído), com evidência de remissão clínica completa em 73,4% (15 respostas completas e 32 respostas parciais significativas). O estudo atingiu seu desfecho primário de não inferioridade em SG em 3 anos em relação ao controle histórico com cirurgia (80% - diferença menor que os 15% pré-estabelecidos) no seguimento de 4,5 anos.

Com relação a toxicidade aguda, foi demonstrado neutropenia (≥G3), elevação de creatinina ≥G2), perda auditiva (≥G3), AVC (≥G2) em 14,1%, 3,1%, 3,1%, 20,3% e 1,6%, respectivamente, com 01 óbito relacionado ao tratamento por evento tromboembólico.

RADPLAT configura então uma opção não inferior ao tratamento cirúrgico na população T4a com um perfil manejável de toxicidades.

 

Dose-finding and efficacy confirmation trial of the superselective intra-arterial infusion of cisplatin and concomitante radiotherapy for locally advanced maxillary sinus câncer (JCOG1212): Results of the efficacy confirmation phase in the T4a cohort. ABSTRACT 6014.
Estudo de definição de dose e confirmação de eficácia da infusão intra-arterial superseletiva de cisplatina concomitante a radioterapia para câncer de seio maxilar localmente avançado (JCOG1212): Resultados da fase de confirmação de eficácia na coorte T4a.

 

Avaliador científico:

Dr. Daniel Oliveira Brito
Residência em oncologia clínica no A.C. Camargo Cancer Center
Oncologista do Núcleo de Oncologista da Bahia, Hospital Português e Instituto Baiano de Câncer
Coordenador do Núcleo de Oncologia do Hospital Português – Grupo Oncoclínicas, Bahia