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ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS

ESPECIAL ESMO 2019: Análise de sobrevida em 5 anos com a combinação de Nivolumabe e Ipilimumabe em melanoma avançado – CheckMate 067

Resumo do artigo:
Na ESMO 2019 ocorreu a tão esperada atualização dos dados do estudo CheckMate 067. Nesse estudo 945 pacientes com melanoma estádios III irresecável ou IV foram randomizados 1:1:1 nos braços nivolumabe associado a ipilimumabe (IN); nivolumabe agente único (N) ou ipilimumabe (I). Os pacientes foram estratificados conforme status do BRAF, estadiamento segundo AJCC (7ª edição) e PD-L1. Os end-points primários, já apresentados anteriormente¹, eram sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (OS) nos grupos IN e N vs I. As análises entre os grupos IN vs N são de caráter descritivo apenas. 

Com um seguimento mínimo de 60 meses desde a randomização, a mediana de sobrevida global foi superior a 60 meses (mediana não atingida (NA), 95% CI, 38.2 a NA) no grupo da combinação, 36.9 meses (95% CI, 28.2 s 58.7) no grupo nivolumabe e 19.9 meses (95% CI, 16.8 a 24.6) no grupo ipilimumabe. A sobrevida global em 5 anos (5y-OS) foi de 52%, 44% e 26% respectivamente. Já a sobrevida livre de progressão em 5 anos foi de 36% IN, 29% N e 8% para grupo I.

Em análise de subgrupo, pacientes com mutação V600 apresentaram 5y-OS de 60% (IN), 46% (N) e 30% (I), já os pacientes BRAFwt, 5y-OS foi de 48%, 43% e 25% respectivamente. Expressão de PD-L1 não foi preditiva de resposta, conforme achados prévios. O tempo médio para início de linha de tratamento subsequente foi de 60 meses (NA) no grupo da combinação, comparado a 25.2 (N) e 8 meses (I). Os dados de segurança com o seguimento longo de 5 anos mostram resultados semelhantes aos dados reportados previamente², com ocorrência de efeitos adversos graus 3 e 4 em 59% do grupo IN, 23% no N e 28% no grupo I.


Five-Year Survival with Combined Nivolumab and Ipilimumab in Advanced Melanoma.
published on September 28, 2019, at NEJM.org.DOI: 10.1056/NEJMoa1910836
Análise de sobrevida em 5 anos com a combinação de Nivolumabe e Ipilimumabe em melanoma avançado - CheckMate 067.


Comentários do editor:
Historicamente, a sobrevida global em 5 anos de pacientes com melanoma metastático era mínima. O estudo CheckMate 067 apresenta um novo paradigma na história da doença, mostrando que em 5 anos mais de 50% dos pacientes estavam vivos após receberem combinação de ipilimumabe e nivolumabe em primeira linha. Os dados de longo prazo do estudo confirmam benefício de sobrevida global e sobrevida livre de progressão a favor dos grupos que contem nivolumabe (IN e N) quando comparados ao grupo ipilimumabe agente único. Além disso, um platô nas curvas é observado principalmente a partir de 3 anos. Apesar de inapropriada a comparação entre estudos em primeira linha de pacientes que receberam inibidores de BRAF/MEK e os dados do ChekMate 067, recente publicação de análise combinada dos estudos COMBI-d e COMBI-v mostrou uma mediana de sobrevida de 25.9% (95% CI, 22.6 a 31.5) e 5y-OS de 34%³. 

Interessantemente, análises exploratórias revelaram que, entre os pacientes vivos no momento do data cutoff para esta análise, 112 (74%) dos pacientes que haviam recebido combinação não estavam em tratamento ativo, porém apenas 75 (58%) e 30 (45%) dos grupos N e I estavam livres de tratamento. Apesar da ausência de poder estatístico para comparações formais entre os grupos IN vs nivolumabe agente único, à luz desses novos dados, deve-se considerar o uso da combinação especialmente em pacientes com DHL elevado e com metástases cerebrais£. Estudos estão sendo conduzidos com esquemas de dose alternativos na tentativa de minimizar a toxicidade.


Editora:
Dra. Maria Alice Franzoi
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA); Medical Research Fellow na Unidade de Pesquisa e Clinical Trials do Instituto Jules Bordet, em Bruxelas, Bélgica.


Revisora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.