Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Especial ESMO 2022 – Tumores Gastrointestinais

LEAP-002: Lenvatinibe e pembrolizumabe versus lenvatinibe em tratamento de 1ª linha do carcinoma hepatocelular (CHC) avançado

Resumo do artigo:

O tratamento do CHC avançado tem evoluído, sendo que os inibidores de tirosina quinase (TKIs) que foram a terapia de escolha por muitos anos, com sorafenibe ou lenvatinibe, vem dando espaço à incorporação da imunoterapia em 1ª linha de tratamento. LEAP-002 é um estudo fase III, duplo-cego, placebo-controlado, multicêntrico que avaliou 794 pacientes para tratamento em 1ª linha do CHC avançado, com lenvatinibe 8 mg/d ou 12 mg/d associado a placebo ou pembrolizumabe 200 mg a cada 3 semanas. O resultado foi negativo para o desfecho primário de sobrevida global (SG) com medianas de 21,2 vs 19,0 meses (p 0,022 e HR 0,84 - IC95% (0,70-0,99)) e SLP 8,2 meses vs 8,0 meses (p 0,04 e HR 0,86; IC95% 0,73-1,02). A tolerância foi semelhante, com mais eventos imunomediados no braço experimental. Cerca de 23% dos pacientes no braço controle receberam imunoterapia em alguma linha subsequente. Apesar do resultado negativo, ambos os braços performaram sobrevida elevadas e reforçaram o papel do lenvatinibe como opção terapêutica no CHC avançado. Levanta-se o questionamento se o estudo não teria sido positivo, caso o braço controle fosse sorafenibe.

 

LBA34 - Primary results from the phase 3 LEAP-002 study: lenvatinib plus pembrolizumab versus lenvatinib as first-line (1L) therapy for advanced hepatocellular carcinoma (aHCC).
LEAP-002: Lenvatinibe e pembrolizumabe versus lenvatinibe em tratamento de 1ª linha do carcinoma hepatocelular (CHC) avançado.

 


 

NICHE-2: Imunoterapia neoadjuvante no câncer de cólon, localmente avançado, deficiente de enzimas de reparo do DNA (dMMR)

Resumo do artigo:

Aproximadamente 10 a 15% dos cânceres de cólon são dMMR e constituem uma população com relativa resistência a quimioterapia, mas com elevada resposta a imunoterapia – no estudo NICHE-1, imunoterapia neoadjuvante alcançou 60% de resposta patológica completa (RPC) nessa população. O NICHE-2 é estudo de iniciativa do investigador, braço único, multicêntrico conduzido na Holanda, com 112 pacientes, que avaliou a terapia neoadjuvante em câncer de cólon, localmente avançado, dMMR, com nivolumabe 3 mg/Kg e ipilimumabe 1 mg/Kg, após 2 semanas outra dose de nivolumabe 3 mg/Kg, seguido de cirurgia, num tempo total de até 6 semanas desde o primeiro tratamento. Os resultados apresentados demonstraram 95% de resposta patológica maior (RPM), sendo 67% de RPC em população de tumores cT3/4 e/ou cN+. Os dados de segurança evidenciaram eventos adversos em 61% dos pacientes, mas apenas 4% de graus 3-4 e 100% dos pacientes conseguiram ser submetidos a cirurgia. Os dados de sobrevida livre de doença (SLD) são aguardados para 2023. Apesar da excitação acerca da regressão tumoral demonstrada, é preciso verificar se haverá benefício em termos de recidiva e sobrevida, e se a preservação de órgão é desfecho relevante a ser considerado nessa doença, além da pouca praticidade de seguimento com métodos de imagem atuais.

 

LBA7 - Neoadjuvant immune checkpoint inhibition in locally advanced MMRdeficient colon cancer: the NICHE-2 study.
NICHE-2: Imunoterapia neoadjuvante no câncer de cólon, localmente avançado, deficiente de enzimas de reparo do DNA (dMMR).

 


 

KRYSTAL-1: Adagrasibe com ou sem cetuximabe em pacientes com câncer colorretal avançado com mutação de KRAS G12C

Resumo do artigo:

As mutações de KRAS G12C estão presentes em cerca de 3-4% dos cânceres colorretais e denotam prognóstico piorado em relação a outras mutações de KRAS. Adagrasibe é um inibidor específico e irreversível de KRAS G12C e a combinação com anti-EGFRs poderia aumentar a eficácia do tratamento, à semelhança da terapia para mutações de BRAF, devido inibição de mecanismo de retroalimentação da via com bloqueio em único ponto. O KRYSTAL-1 é estudo de fase Ib / II, em que a parte Ib envolveu a avaliação de adagrasibe em combinação a cetuximabe, em 32 pacientes com câncer colorretal, doença avançada, previamente tratado e mutação KRAS G12C. A fase II do estudo envolveu a mesma população, com 44 pacientes, mas tratada apenas com adagrasibe. Enquanto a monoterapia com adagrasibe teve taxa de resposta objetiva (TRO) de 19% com taxa de controle de doença (TCD) de 86%, o grupo submetido a adagrasibe e cetuximabe apresentou TRO 46%, TCD 100%, sobrevida livre de progressão (SLP) mediana de 6,9 meses, além de perfil de segurança aceitável, com 85% das toxicidades graus 1-2. Embora o desfecho primário da parte Ib seja a avaliação de segurança do uso da combinação, os dados apresentados mostram atividade clínica encorajadora da mesma e esta será avaliada comparativamente a quimioterapia em 2ª linha, no estudo fase III KRYSTAL-10.

 

KRYSTAL-1: updated efficacy and safety of adagrasib (MRTX849) with or without cetuximab in patients with advanced colorectal cancer (CRC) harboring a KRASG12C mutation.
KRYSTAL-1: Adagrasibe com ou sem cetuximabe em pacientes com câncer colorretal avançado com mutação de KRAS G12C.

 


 

FRESCO-2: Fruquitinibe em pacientes com câncer colorretal metastático refratário

Resumo do artigo:

O câncer de cólon metastático politratado representa um cenário desafiador em termos de terapias verdadeiramente efetivas. A utilização de inibidores da angiogênese tem sido explorada nesse contexto. FRESCO-2 é um estudo de fase III, randomizado, placebo-controlado, multicêntrico que avaliou 687 pacientes com câncer colorretal avançado expostos previamente a fluoropirimidinas, oxaliplatina, irinotecano, anti-VEGF, anti-EGFR e iBRAF (se indicados) e TAS-102 e/ou regorafenibe, para fruquitinibe (um inibidor de quinase VEGFR oral e potente) ou placebo. A mediana de linhas de tratamento prévias eram 05 linhas. O estudo teve desfecho primário com resultado positivo para sobrevida global (SG) com mediana de 7,4 meses vs 4,8 meses (p <0,001 e HR 0,66 – IC95% (0,54-0,80)). A sobrevida livre de progressão também foi positiva em mediana 3,7 meses vs 1,8 meses (p <0,001 e HR 0,32 – IC95% (0,26-0,38), taxa de resposta de 1,5% e taxa de controle de doença de 55,5%. Eventos adversos de grau 3 ou mais ocorreram em 62% dos pacientes. Dessa forma, considerando a quantidade de tratamentos aos quais os pacientes foram previamente expostos, fruquitinibe apresenta-se como mais uma opção para pacientes com câncer colorretal metastático em linhas avançadas, no entanto, exibindo taxa de resposta muito pequena e toxicidades não desprezíveis.

 

FRESCO-2: A global phase 3 multiregional clinical trial (MRCT) evaluating the efficacy and safety of fruquintinib in patients with refractory metastatic colorectal cancer.
FRESCO-2: Fruquitinibe em pacientes com câncer colorretal metastático refratário.

 

Avaliador científico:

Dr. Pedro Henrique Shimiti Hashizume
Residência Médica em Oncologia Clínica pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP-FMUSP)
Oncologista Clínico no ICESP e na Oncologia D’Or/SP
Título de Especialista em Oncologia Clínica pela SBOC