Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Esquema modificado de imunoterapia em Câncer Renal Avançado mostra taxas menores de eventos adversos

Resumo do artigo:

O estudo PRISM foi conduzido com o intuito de avaliar a eficácia e a segurança de uma nova programação de administração do ipilimumabe, em combinação com nivolumabe, em pacientes com carcinoma de células renais avançado (aRCC). O estudo se baseou na hipótese de que o ipilimumabe modificado, administrado a cada 12 semanas, poderia ter um perfil de toxicidade mais favorável do que o regime padrão, de administração a cada 3 semanas.

Trata-se de um ensaio fase II, randomizado, que incluiu pacientes com aRCC de células claras tratados em primeira linha com ipilimumabe (1 mg/kg) modificado ou padrão em combinação com nivolumabe (3 mg/kg). O endpoint primário foi a proporção de pacientes com eventos adversos graus 3-5 relacionados ao tratamento. A sobrevida livre de progressão (SLP) em 12 meses comparada ao controle histórico de sunitinibe foi um endpoint secundário. O estudo não foi desenhado para comparar diretamente a eficácia dos dois braços de tratamento.

Foram randomizados 192 pacientes, os quais foram tratados entre março de 2018 e janeiro de 2020.

A incidência de eventos adversos de grau 3-5 foi de 32,8% para o grupo com ipilimumabe modificado, em comparação com 53,1% para o grupo com ipilimumabe padrão, o que representa uma redução significativa. O odds ratio (OR) ajustado foi de 0,43 (IC 90%, 0,25 a 0,72; P = 0,0075) a favor do esquema modificado.

A SLP de 12 meses usando ipilimumabe modificado foi de 46,1% (IC 90%, 38,6% a 53,2%). Para o grupo com esquema padrão, a SLP de 12 meses foi de 44,8%. A taxa de resposta geral foi de 45,3% para o grupo com esquema modificado versus 35,9% para o grupo padrão. A SLP mediana foi de 10,8 meses para o grupo modificado em comparação com 9,8 meses para o grupo padrão.

Os resultados demonstram que a modificação do regime de dosagem do ipilimumabe, aumentando o tempo de intervalo entre a administração de doses, foi associada a uma redução significativa nos eventos adversos graves, sem comprometer a eficácia do tratamento em termos de SLP e ORR.

 

Comentário do avaliador científico:

Podemos observar no estudo que a incidência de eventos adversos grau 3-5 foi significativamente menor com ipilimumabe modificado. Embora a SLP de 12 meses com ipilimumabe modificado não tenha atingido o limiar de eficácia pré-especificado em comparação com o controle histórico, não foram observadas diferenças substanciais na taxa de resposta geral ou na SLP média entre os grupos de ipilimumabe modificado e esquema padrão.

Por outro lado, a escolha de sunitinibe como controle histórico pode ser considerada uma limitação, dado o rápido avanço das opções terapêuticas para aRCC. Além disso, o estudo não foi desenhado para comparar diretamente os braços de tratamento em termos de eficácia, o que poderia limitar a interpretação dos resultados.

A tentativa de melhoria do perfil de toxicidade do ipilimumabe, mantendo sua eficácia quando combinado com nivolumabe, é uma estratégia promissora para minimizar os efeitos colaterais, potencialmente melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Em conclusão, o estudo PRISM oferece uma contribuição valiosa ao explorar regimes de dosagem alternativos para a imunoterapia no aRCC, com potencial impacto significativo sobre a gestão da toxicidade do tratamento, um aspecto fundamental para a melhoria da tolerância terapêutica.

 

Citação: Vasudev NS, Ainsworth G, Brown S, et al. Standard Versus Modified Ipilimumab, in Combination With Nivolumab, in Advanced Renal Cell Carcinoma: A Randomized Phase II Trial (PRISM). J Clin Oncol. 2024 Jan 20;42(3):312-323. doi: 10.1200/JCO.23.00236. Epub 2023 Nov 6. PMID: 37931206; PMCID: PMC10824383.

 

Avaliador científico:

Daniélle Mauricio Cabral Amaro

Oncologista clínica pela Faculdade de Medicina do ABC, atualmente atua no Hospital Israelita Albert Einstein, especialização em Oncogeriatria pela Sociedade Internacional de Oncogeriatria (SIOG), pós graduação e mestrado em Cuidados

Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica e Central University of Catalonia (UVic).

Cidade de atuação: São Paulo/SP