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SBOC REVIEW

IMblaze370: Atezolizumab +/- cobimetinib versus regorafenib em pacientes com câncer colorretal previamente tratado

Resumo do artigo:
O IMblaze370 foi um estudo clínico de fase III aberto (sem cegamento) e muilticêntrico (73 serviços de 11 países) que incluiu 363 pacientes de com câncer colorretal (CRC) localmente avançado irressecável ou metastático após progressão de doença ou intolerância a pelo menos dois regimes prévios de quimioterapia sistêmica. Os pacientes foram aleatorizados 2: 1: 1 entre julho de 2016 e janeiro de 2017 para receber a combinação de atezolizumab (840 mg a cada 2 semanas) + cobimetinibe (60 mg uma vez ao dia nos dias 1–21 de um ciclo de 28 dias; n = 183), monoterapia com atezolizumab (1.200 mg a cada 3 semanas; n = 90) ou monoterapia com regorafenibe (160 mg uma vez ao dia para os dias 1 a 21 de um ciclo de 28 dias; n = 90). O tratamento foi continuado até à perda de benefício clínico ou toxicidade inaceitável. Vale notar que apenas três pacientes no grupo atezolizumab / cobimetinib e no grupo atezolizumab era MSI-H (instabilidade de microssatélite).

Após um seguimento mediano de 7,3 meses, o IMblaze370 falhou em mostrar ganho de sobrevida global mediana (desfecho primário): 8,87 meses no grupo atezolizumabe / cobimetinibe (HR versus regorafenibe = 1,00, P = 0,99), 7,10 meses no grupo atezolizumabe (HR versus regorafenibe = 1,19, P = 0,34) e 8,51 meses no grupo regorafenibe. Sobrevida livre de progressão mediana foi de 1,91 meses no grupo de combinação, 1,94 meses no grupo atezolizumab e 2,00 meses no grupo regorafenib. Resposta objetiva e duração da resposta também não mostraram diferença significativa entre os três grupos.

Apesar de ser um estudo negativo, conhecer o padrão de efeitos colaterais desta combinação nesta população foi uma ótima contribuição. Eventos adversos de grau 3 ou 4 ocorreram em 61% do grupo de combinação, 31% do grupo atezolizumab e 58% do grupo regorafenib, sendo os mais comuns no grupo de combinação diarréia (11%), anemia (6%) aumento da creatinafosfoquinase (7%) e fadiga (4%). Eventos adversos levaram à descontinuação do tratamento em 21% do grupo de combinação, 4% do grupo atezolizumab e 9% do grupo regorafenib. Morte relacionada ao tratamento ocorreu em dois pacientes no grupo de combinação (devido a sepse) e um paciente no grupo de regorafenib (devido à perfuração intestinal).

 

Atezolizumab with or without cobimetinib versus regorafenib in previously treated metastatic colorectal cancer (IMblaze370): a multicentre, open-label, phase 3, randomised, controlled trial. Eng C, Kim TW, Bendell J, et al. Lancet Oncol. 2019 Jun;20(6):849-861. PMID: 31003911
IMblaze370: Atezolizumab +/- cobimetinib versus regorafenib em pacientes com câncer colorretal previamente tratado.


Comentários do editor:
A combinação anti-PD-L1 + inbididor de MEK baseiou-se no racional de que inibidores de MEK levam à sobrerregulação de MHC I em células tumorais, induzindo a infiltração de células T no ambiente intratumoral. Assim, usar um inibidor MEK poderia sensibilizar o tumor sem instabilidade microssatélite à terapia anti-PD-L1. 

- Entretanto, resultados do IMblaze370 são desapontadores, e destacam as diferenças biológicas entre o CRC metastático MSI-H do MSI-L/MSS, reforçando o desafio que é ampliar o benefício da imunoterapia para pacientes cujos tumores são “frios” do ponto de vista imunológico.

 

Editor:
Dr. Allan Ândresson Lima Pereira
Membro da SBOC; Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês; Ex-GI Medical Oncology fellow do University of Texas – MD Anderson Cancer Center; Doutor em Ciências Médicas (Oncologia) pela USP; Professor do Departamento de Medicina Interna da Universidade Católica de Brasilia.

 

Revisora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.