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SBOC REVIEW

Pembrolizumabe em câncer de mama triplo negativo (doença inicial)

Resumo do artigo:
Com a recente incorporação do inibidor de checkpoint na primeira linha do câncer de mama triplo negativo metastático, e a necessidade de se aumentar a chance curativa em pacientes com tumores operáveis, o estudo Keynote-522 trouxe os resultados iniciais do primeiro estudo fase III avaliando a adição de um inibidor de checkpoint neoadjuvante nesta população.


Foram incluídas pacientes com estádios clínicos II ou III, randomizadas 2:1 para pembrolizumabe 200mg a cada três semanas ou placebo, iniciando juntamente com o tratamento quimioterápico, que consistia em: paclitaxel 80mg/m2 semanal + carboplatina AUC 5 a cada três semanas ou AUC 1.5 semanal, por 12 semanas, seguido de AC ou EC por quatro ciclos. Após a cirurgia, as pacientes prosseguiam com pembrolizumabe adjuvante ou placebo por nove ciclos. Radioterapia adjuvante foi indicada conforme necessidade, porém, a capecitabina adjuvante não era indicada. Os desfechos primários avaliados foram: taxa de resposta patológica completa (ypT0 ou ypTis + ypN0) e sobrevida livre de eventos (recidiva, óbito ou segundo primário).


Em relação às características das pacientes incluídas, os dois grupos estudados apresentavam distribuição homogênea para fatores prognósticos relevantes, delimitando uma população de pacientes em que 51% apresentavam linfonodos clinicamente acometidos, e 82% PD-L1 CPS ≥ 1%. Nesta publicação, com análise inicial de 602 pacientes randomizadas, os autores reportaram um aumento absoluto de 13.6% em taxa de resposta patológica completa (pCR) com a adição de pembrolizumabe neoadjuvante (64.8% versus 51.2%, p<0.001). Houve incremento em pCR independente da expressão de PD-L1, sendo observado aumento gradual da pCR conforme se aumentava a expressão de PD-L1 (<1%, ≥1%, ≥10%, ≥20%), demonstrando o valor prognóstico deste biomarcador. Com seguimento mediano curto de 15.5 meses e ainda com poucos eventos, o estudo concluiu haver benefício em sobrevida livre de eventos a favor da intervenção, com HR 0.63 (91.3% versus 85.3%), mas sem significância estatística para tal conclusão (p não significativo).

 

Pembrolizumab for Early Triple-Negative Breast Cancer. N Engl J Med 2020;382:810-21.
Pembrolizumabe em câncer de mama triplo negativo doença inicial

 

Comentário do avaliador científico: 
Trata-se de um estudo importante, pois comprova o benefício da adição do pembrolizumabe para o desfecho almejado, incrementando 13,6% na pCR. No entanto, apesar da importância em se buscar a pCR devido sua associação com melhor prognóstico, permanece a dúvida se de fato esta magnitude de incremento é o suficiente para ocasionar aumento em sobrevida e, portanto, mais  chances curativas para a população estudada, na qual a adjuvância com pembrolizumabe também foi pré-determinada. Com maior tempo de seguimento e maior ocorrência de eventos, confirmaremos se de fato esse desfecho substituto (surrogate) confirmará o aumento em sobrevida, e/ou avaliaremos se existe algum subgrupo com maior/menor benefício.

 

Avaliador científico: 
Dr. Saulo Brito Silva

Oncologista clínico pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), atuando na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP.

Editor: 
Dr. Daniel da Motta Girardi
Filiações: Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês Brasília e do Hospital de Base do Distrito Federal. Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, Estados Unidos.