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SBOC REVIEW

Pirotinibe e capecitabine para pacientes com Neoplasia de Mama HER2 positivo com metástases cerebrais (PERMEATE): um estudo multicêntrico, de braço único, duas coortes, fase 2

Resumo do artigo:

Cerca de 30 a 50% das pacientes com neoplasia de mama HER2+ metastática desenvolvem metástases cerebrais em algum momento de suas vidas, associadas a piora na qualidade de vida e diminuição na sobrevida global. O tratamento das metástases cerebrais é a etapa mais árdua no tratamento das pacientes com câncer de mama HER2+. As recomendações são para utilização de tratamentos locais como cirurgia e radioterapia com tratamento sistêmico sendo reservado para após a falha destes.

O pirotinibe é uma medicação já aprovada para uso na China. Atua como um inibidor de tirosina quinase oral e irreversível que atua em HER1, HER2 e HER4. Os estudos de fase III PHOEBE e PHENIX já demonstraram a eficácia do pirotinibe em pacientes com neoplasia de mama HER2+ metastático.

O estudo PERMEATE é um estudo de fase II de braço único que avalia a combinação de capecitabina (dose de 1000 mg/m2 duas vezes ao dia por 14 dias em ciclos de 21 dias) e pirotinibe (400 mg por via oral diariamente contínuo) em pacientes com metástases cerebrais ativas. Foram estudadas 98 pacientes divididas em duas coortes: Coorte A com pacientes sem tratamento prévio com radioterapia para as lesões em sistema nervoso central e a Coorte B com pacientes com radioterapia prévia. O desfecho primário era taxa de resposta em sistema nervoso central.

A coorte A (sem radioterapia prévia) teve 59 pacientes. Destas, 88% apresentavam também metástases extracranianas. O pirotinibe demonstrou uma taxa de resposta em sistema nervoso central de 74,6%. Sete pacientes (12%) tiveram reposta completa e 37 (63%) resposta parcial. A mediana de tempo para obter resposta foi de 1,3 meses. A sobrevida livre de progressão foi de 11,3 meses.

A coorte B (com radioterapia prévia) contou com 19 pacientes. Destas pacientes, 11 (58%) tinham feito apenas radioterapia estereotáxica e as demais já tinham feito irradiação de crânio total. Foi evidenciada uma taxa de resposta objetiva em sistema nervoso central de 42% com 1 paciente (5%) com resposta completa e 7 (37%) com resposta parcial. A sobrevida livre de progressão foi de 5,6 meses.

Os dados de sobrevida global ainda não estão disponíveis. A taxa de resposta nas lesões extracranianas foi de 70,4%.

Os eventos adversos foram compatíveis com o esperado para inibidores de tirosina quinase pan-HER: diarreia grau 3 em 14 pacientes (24%) da coorte A e 4 (21%) da coorte B; neutropenia grau 3 em 8 pacientes (14%) na coorte A e em 4 pacientes (21%) na coorte B. Dez pacientes (17%) da coorte A e 2 (11%) da coorte B necessitaram de redução de dose do pirotinibe.

Em resumo, o estudo PERMEATE conseguiu demonstrar que a combinação de pirotinibe com capecitabina é ativa e segura em pacientes com metástases cerebrais, especialmente em pacientes sem radioterapia prévia.

 

 

Yan M, Ouyang Q, Sun T, et al. Pyrotinib plus capecitabine for patients with human epidermal growth factor receptor 2-positive breast cancer and brain metastases (PERMEATE): a multicentre, single-arm, two-cohort, phase 2 trial Lancet Oncol. Published online January 24, 2022. doi:10.1016/S1470-2045(21)00716-6.
Pirotinibe e capecitabine para pacientes com Neoplasia de Mama HER2 positivo com metástases cerebrais (PERMEATE): um estudo multicêntrico, de braço único, duas coortes, fase 2

 

Comentário do avaliador científico:

O estudo PERMEATE mostrou que associação com capecitabina se mostrou eficaz em pacientes com metástases cerebrais ativas seja em pacientes com ou sem radioterapia prévia. As principais limitações são: estudo de fase II sem braço controle, população exclusivamente chinesa e a avaliação de resposta foi realizada apenas pelos investigadores sem uma revisão central. Um outro ponto foi de a população ter recebido poucas linhas de tratamento previamente: cerca de 50% receberam trastuzumabe para doença avançada, apenas 2 pacientes tinham recebido pertuzumabe e 3 TDM1.

Outras drogas são efetivas neste cenário. O estudo KAMILLA mostrou uma resposta de até 49% com TDM1. O estudo HER2CLIMB demonstrou taxa de reposta de 47,3% com a combinação de tucatinibe, capecitabina e trastuzumabe. A associação de neratinibe com capecitabina mostrou uma taxa de resposta de até 49% resposta. São aguardados maiores dados do trastuzumabe-deruxtecan em pacientes com metástases cerebrais ativas.

Com tantas opções surgindo são necessários maiores estudos para definir qual a melhor estratégia de sequenciamento entre os tratamentos locais e terapias sistêmicas. O estudo aflora uma outra questão: com os dados de resposta em pacientes sem radioterapia prévia devemos reconsiderar o rastreamento de metástases cerebrais em pacientes assintomáticas?

 

Avaliador científico:

Dr. Dyego Nunes
Residência em Oncologia Clínica pelo Hospital São Rafael
Oncologista Clínico da Rede D’Or em Salvador e Hospital da Mulher – Salvador-BA