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SBOC REVIEW

Quimioterapia metronômica oral de baixo custo versus cisplatina intravenosa em pacientes com carcinoma de cabeça e pescoço recorrente, metastático, inoperável: um estudo aberto, grupo paralelo, não inferioridade, randomizado, fase 3

Resumo do artigo:

Atualmente o tratamento paliativo padrão do câncer de cabeça e pescoço baseia-se nos estudos EXTREME (cisplatina, fluoracil e cetuximabe) e o KEYNOTE-048 (pembrolizumabe com ou sem cisplatina e fluoracil). No entanto, o acesso a essas drogas, particularmente a terapia direcionada e os inibidores de checkpoint, é baixo devido ao alto custo. Além disso, grande parte da população global situa-se em países de baixa e média renda onde a quimioterapia intravenosa isolada é, portanto, comumente utilizada. Desta forma, torna-se necessário desenvolver uma alternativa mais acessível e tolerável para os pacientes com câncer de cabeça e pescoço avançado.
Estudo Indiano, randomizado, de fase 3 projetado para avaliar se a exposição à quimioterapia metronômica oral é não inferior à cisplatina intravenosa. Pacientes designados para o grupo da quimioterapia metronômica oral receberam metotrexato 15mg/m² 1 vez por semana mais celecoxibe 200mg 2 vezes ao dia até a progressão de doença ou toxicidade limitante. Pacientes designados para a Cisplatina intravenosa receberam 75mg/m² 1 vez a cada 3 semanas por no máximo de 6 ciclos. Foram incluídos pacientes entre 18-70 anos, ECOG 0-1 e com condições de engolir comprimidos. Foram excluídos pacientes com tumores na glândula salivar, tireoide ou nasofaringe, comorbidades não controladas e aqueles que haviam recebido cisplatina nos últimos 3 meses.
O desfecho primário foi sobrevida global (SG), definida como o tempo entre a randomização até a data da morte ou até a data do último acompanhamento.
Foram randomizados 422 pacientes (213 para o grupo da quimioterapia metronômica oral e 209 para o grupo da cisplatina intravenosa). A idade mediana foi de 48 anos e 97% tinham ECOG 1. O local do tumor primário predominante foi a cavidade oral em 77%. Clinicamente, o tamanho médio do tumor no grupo da quimioterapia metronômica oral foi de 9 cm e 8 cm no grupo da cisplatina intravenosa. 58% dos pacientes haviam sido expostos a tratamento previamente. O estudou atingiu seu desfecho primário (SG): 7,5 meses vs. 6,1 meses demonstrando a não inferioridade da quimioterapia metronômica (HR não ajustado para óbito 0.773; IC95% 0.615–0.97, p = 0.026). Eventos adversos grau 3 ou mais foram observados 19% no grupo da quimioterapia metronômica oral versus 30% no grupo da cisplatina intravenosa (p = 0.01).

 

Low-cost oral metronomic chemotherapy versus intravenous cisplatin in patients with recurrent, metastatic, inoperable head and neck carcinoma: an open-label, parallelgroup, non-inferiority, randomised, phase 3 trial. Vijay Patil et al. Lancet Glob Health. 2020 Sep;8(9):e1213-e1222.
Quimioterapia metronômica oral de baixo custo versus cisplatina intravenosa em pacientes com carcinoma de cabeça e pescoço recorrente, metastático, inoperável: um estudo aberto, grupo paralelo, não inferioridade, randomizado, fase 3.

 

Comentários da avaliadora científica:

- A quimioterapia metronômica oral mostrou-se não ser inferior à cisplatina intravenosa no que diz respeito à sobrevida global em câncer de cabeça e pescoço no cenário paliativo. Além disso, o uso desta terapêutica oral foi associado a um escore de qualidade de vida significativamente mais alto do que a cisplatina intravenosa, além do baixo custo, melhor tolerabilidade e via administração oral, uma vez que não requer a necessidade de manutenção em cadeira de quimioterapia, e por consequência diminui os encargos financeiros. No entanto, ainda há o receio de não oferecer quimioterapia baseada em platina, principalmente nos pacientes relativamente jovens, com tumores primários de grande volume e virgens de tratamento.
- Pode-se concluir que o estudo oferece uma alternativa de tratamento acessível para pacientes em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento que podem não ter acesso aos tratamentos mais recomendados.

 

Avaliadora científica:
Dra. Jana Priscila Medeiros Pacífico, MD
Residente de oncologia clínica pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal – SES/DF