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SBOC REVIEW

Resultados de cinco anos com pembrolizumabe versus quimioterapia como terapia de primeira linha em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas e pontuação de proporção de tumor de ligante-1 de morte programada ≥ 1% no estudo KEYNOTE-042

Resumo do artigo:

O KEYNOTE-042 foi um estudo randomizado de fase III que mostrou aumento significativo de sobrevida global com pembrolizumabe em monoterapia versus quimioterapia à base de platina em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células localmente avançado ou metastático com PD-L1 (TPS) ≥ 50%, ≥ 20% e ≥ 1%, não tratados previamente.

Nesse artigo foram relatados os resultados de 5 anos de acompanhamento do KEYNOTE-042 e análises ad hoc em pacientes que completaram 35 ciclos de pembrolizumabe e naqueles que iniciaram um segundo curso de monoterapia com pembrolizumabe.

Foram incluídos pacientes com câncer de pulmão não pequenas células localmente avançado/metastático sem alterações de EGFR/ALK e com PD-L1 ≥ 1%. Os pacientes foram randomizados na razão 1:1 para receber pembrolizumabe 200 mg, a cada 3 semanas, ou quimioterapia com carboplatina AUC 5 ou 6 associado a paclitaxel 200 mg/m2 por 4-6 ciclos ou pemetrexede 500 mg/m2, este último exclusivamente para histologia não escamosa e com opção de manutenção.

O tratamento continuou por até 35 ciclos de pembrolizumabe (aproximadamente 2 anos), ou até resposta completa, progressão da doença, toxicidade inaceitável, decisão do investigador ou retirada de consentimento pelo paciente.

Nos casos do pembrolizumabe ter sido suspenso por resposta completa ou por ter completado 35 ciclos com doença estável ou resposta parcial, os pacientes eram elegíveis para reexposição ao pembrolizumabe quando ocorresse a progressão de doença.

Os desfechos primários foram sobrevida global nos grupos PD-L1 (TPS) ≥ 50%, ≥ 20% e ≥ 1%. Os defechos secundários foram sobrevida livre de progressão (SLP) e taxa de resposta objetiva. Os desfechos exploratórios incluíram sobrevida livre de 2ª progressão.

1.274 pacientes foram randomizados (637 para cada grupo). O tempo médio de acompanhamento foi de 61,1 meses (variação 50,0 - 76,3).

A incidência de eventos adversos foi de 63,8% no braço do pembrolizumabe versus 90,2% no braço da quimioterapia. Não foram identificados novos eventos adversos. Eventos adversos imunomediados e reações infusionais ocorreram em 27,5% e 7,6% dos pacientes no grupo pembrolizumabe e quimioterapia, respectivamente.

Os resultados de sobrevida global favoreceram o braço do pembrolizumabe (versus quimioterapia), independentemente do PD-L1: 0,68 para TPS ≥ 50% (IC 95% 0,57 - 0,81), 0,75 para TPS ≥ 20% (IC 95% 0,64 - 0,87), 0,79 para TPS ≥ 1% (IC 95% 0,70 - 0,89), com taxas estimadas de SG em 5 anos com pembrolizumabe de 21,9%, 19,4% e 16,6%, respectivamente.

A taxa de resposta objetiva foi de 84,3% entre 102 pacientes que completaram 35 ciclos de pembrolizumabe e 15,2% entre 33 pacientes que receberam o segundo curso pembrolizumabe.

A monoterapia com pembrolizumabe em primeira linha continuou a mostrar benefício clínico (aumento de sobrevida global com resposta duradoura) versus quimioterapia após 5 anos de acompanhamento em CPNPC localmente avançado/metastático PD-L1 positivo sem alterações de EGFR/ALK, e, portanto, continua sendo padrão de tratamento.

O acompanhamento de longo prazo continua também a mostrar um perfil de segurança manejável de pembrolizumabe com menos eventos adversos relacionados ao tratamento do que a quimioterapia e nenhum novo sinal de segurança.

 

 

Castro Jr J, Kudaba I, Wu Y, et al. Five-Year Outcomes With Pembrolizumab Versus Chemotherapy as First-Line Therapy in Patients With Non–Small-Cell Lung Cancer and Programmed Death Ligand-1 Tumor Proportion Score ≥ 1% in the KEYNOTE-042 Study. JCO. Published online October 28, 2022. https://doi.org/10.1200/JCO.21.02885.
Resultados de cinco anos com pembrolizumabe versus quimioterapia como terapia de primeira linha em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas e pontuação de proporção de tumor de ligante-1 de morte programada ≥ 1% no estudo KEYNOTE-042.

 

Comentário da avaliadora científica:

Vale ressaltar que mais da metade dos pacientes que completaram 35 ciclos de pembrolizumabe estavam vivos 4 anos após completar o tratamento (aproximadamente 6 anos após randomização). Além disso, alta taxa de controle de doença foi observada em pacientes que receberam segundo curso de pembrolizumabe.

Devemos nos atentar que, de forma consistente com a análise anterior, apesar de ter sido demonstrado benefício em todos os grupos, o TPS PD-L1 mais alto foi associado com maior eficácia de pembrolizumabe.

É importante também citar as outras opções de tratamento para esse perfil de paciente, que incluem outras imunoterapias com ou sem quimioterapia, incluindo a combinação do próprio pembrolizumabe com quimioterapia, cujo benefício foi relatado no estudo de fase III KEYNOTE-189.

No geral, esses dados colocam pembrolizumabe em monoterapia como opção consolidada de tratamento para pacientes com PD-L1 TPS ≥ 1%, principalmente naqueles em que a realização de combinação de imunoterapia com quimioterapia não seja desejável, seja por idade avançada, performance status deteriorado ou mesmo o desejo do paciente.

Em última análise, a escolha do tratamento dependerá das características individuais do paciente e das preferências do médico.

 

Avaliadora científica:

Dra. Wanessa Apolinário Martins
Residência Médica em Oncologia Clínica pelo Hospital Araújo Jorge, Associação de Combate ao Câncer em Goiás
Oncologista Clínica no INGOH (Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia), Goiânia - GO