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SBOC REVIEW

Rucaparibe como tratamento de manutenção em primeira linha para o câncer de ovário

Resumo do artigo:

O tratamento de manutenção no câncer de ovário pode retardar a recorrência ou progressão da doença em pacientes que atingiram uma resposta completa ou resposta parcial à quimioterapia de primeira linha, e os inibidores da PARP, como olaparibe e niraparibe, mostraram ser eficazes nesse cenário. Diante desses dados com inibidores da PARP, e dada a ampla eficácia do rucaparibe no cenário recorrente, foi avaliado o desempenho desta medicação no tratamento de manutenção em primeira linha nas pacientes com câncer de ovário recém-diagnosticadas.

O ATHENA é um estudo de fase III, com quatro braços de tratamento (rucaparibe, nivolumabe, rucaparibe + nivolumabe, e placebo), e foi projetado para avaliar o tratamento de manutenção de primeira linha com Rucaparibe em uma ampla população de pacientes, incluindo aqueles sem mutações BRCA1/2 ou DRH. O estudo tem duas comparações separadas, e totalmente independentes, que avaliam a monoterapia com rucaparibe (ATHENA-MONO) e rucaparibe + nivolumabe (ATHENA-COMBO) como tratamento de manutenção para pacientes com câncer de ovário avançado recém-diagnosticado.

O estudo ATHENA-MONO, aqui comentado, foi um braço do estudo ATHENA que avaliou o benefício da manutenção do inibidor de PARP rucaparibe em pacientes com câncer de ovário recém-diagnosticadas após tratamento com quimioterapia de primeira linha.

Esse estudo duplo cego, multicêntrico, de fase 3, incluiu 538 pacientes com doença estádio III e IV de alto grau que haviam sido submetidas a citorredução cirúrgica (incluindo ressecção R0) e que haviam respondido a primeira linha de quimioterapia baseada em doublet de platina. As pacientes foram randomizadas em um desenho 4:1 para receber Rucaparibe 600 mg duas vezes ao dia (n= 427) ou placebo (n=111) por até 24 meses e foram estratificadas por classificação de DRH [BRCA mutado, BRCA selvagem/ LOH (perda de heterozigosidade genômica) alto, BRCA selvagem/LOH baixo e BRCA selvagem/LOH indeterminado], estado da doença após a quimioterapia (sem doença residual versus doença residual) e momento da cirurgia (cirurgia primária versus citorredução de intervalo). O status do teste DRH no tumor (mutação em BRCA e LOH genômico) foi determinado centralmente usando o FoundationOne CDx.

Nessa publicação, foram apresentados os resultados da SLP na população DRH positiva [BRCA mutada ou LOH alto], com resultados significativos (28,7 versus 11,3 meses; HR=0,47; IC 95%: 0,31-0,72; p=0,0004), seguido da análise na população geral de tratamento (20,2 versus 9,2 meses; HR=0,52; IC 95%: 0,40-0,68; p<0,0001). Na população DRH negativa o estudo também apresentou desfecho favorável para o rucaparibe, com mediana de SLP de 12,1 vs 9,1 meses (HR=0,65, IC 95% 0,45-0,95). Os eventos adversos grau 3 ou maior mais comuns foram anemia (rucaparibe 28,7% vs placebo, 0%) e neutropenia (14,6% vs 0,9%).

Como conclusão, a monoterapia com rucaparibe é eficaz como manutenção de primeira linha, conferindo benefício significativo na SLP em pacientes com câncer de ovário recém-diagnosticados com ou sem DRH.

 

 

Monk BJ, Parkinson C, Lim MC, et al. ATHENA–MONO (GOG-3020/ENGOT-ov45): Rucaparib as First-Line Maintenance Treatment for Ovarian Cancer. J Clin Oncol 2022, Epub ahead of print, Jun 6. doi: DOI: 10.1200/JCO.22.01003.
Rucaparibe como tratamento de manutenção em primeira linha para o câncer de ovário.

 

Comentário da avaliadora científica:

Na ASCO 2022, foram apresentados os resultados ATHENA-MONO, estudo de fase 3 que testou a eficácia de rucaparibe isolado versus placebo como terapia de manutenção em primeira linha nas pacientes com câncer de ovário. Posteriormente, esses dados foram publicados no Journal of Clinical Oncology, os quais foram aqui comentados.

No ATHENA-MONO, o tratamento de manutenção com rucaparibe melhorou de forma significativa a SLP nas pacientes com câncer de ovário de alto risco recém-diagnosticados, independentemente do status de BRCA ou DRH. Além disso, o perfil de segurança do rucaparibe é consistente com estudos anteriores com a droga.

Dessa forma, os inibidores da PARP representam um importante avanço no tratamento do câncer de ovário e o rucaparibe é claramente um membro desta classe de drogas. Após a publicação dos dados do ATHENA-MONO, esta medicação tornou-se mais uma opção de inibidor de PARP que pode ser utilizada no câncer de ovário, em cenário de manutenção, com desfechos favoráveis na população com ou sem DRH. Ressalta-se, porém, que assim como observado com a manutenção com outros inibidores de PARP, maiores magnitudes de ganho com o rucaparibe foram observadas na população com mutação de BRCA ou DRH.

 

Avaliadora científica:

Dra. Virginia Moreira Braga
Residência Médica em Oncologia Clínica pela BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Oncologista clínica e Diretora Clínica da Pronutrir Oncologia, Fortaleza – CE