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SBOC REVIEW

SABCS 2017 – doença avançada

Abstract GS6-07 – Litton J e cols. EMBRACA: A phase 3 trial comparing talazoparib, an oral PARP inhibitor, to physician's choice of therapy in patients with advanced breast cancer and a germline BRCA mutation

O estudo de fase III EMBRACA avaliou talazoparibe, droga inibidora da enzima PARP, em comparação a quimioterapia a escolha do investigador em pacientes com câncer de mama (CM) metastático portadoras de mutação germinativa em BRCA 1 ou 2, sem expressão de HER2. Os resultados confirmaram a eficácia dos inibidores de PARP nesse cenário, ratificando os dados apresentados com a droga da mesma classe olaparibe, no estudo OLYMPIAD. Ambos os estudos avaliaram o uso de inibidor de PARP em pacientes com CM metastático portadoras de mutação germinativa nos genes BRCA 1 e 2.  As pacientes  recrutadas poderiam ou não ter recebido tratamento prévio para doença metastática, sendo uma linha de quimioterapia baseada em antraciclina ou taxano permitida. O braço controle do estudo EMBRACA foi composto por quimioterapia padrão empregada no cenário metastático de pacientes com CM, como capecitabina, navelbine, gemcitabina ou eribulina. O braço experimental consistiu no uso de talazoparibe na dose de 1 mg por via oral, ao dia. Importante ressaltar que o uso de platina não era permitido como agente quimioterápico no braço controle. Foram randomizados em regime 2:1, 287 pacientes para o grupo talazoparibe e 144 para quimioterapia do investigador. Como resultado, as pacientes randomizadas para receber talozoparibe experimentaram um aumento em sobrevida livre de progressão (SLP) em relação àquelas que receberam quimioterapia, consistindo em 8,6 meses versus 5,6 meses (HR 0.54 p<0.0001). Taxas de resposta e benefício clínico também favorecem o braço de tratamento contendo a droga-alvo. Além disso, esse grupo também obteve importante vantagem em escores de qualidade de vida. Quanto à sobrevida global (SG), embora os dados ainda estejam imaturos, o grupo talazoparibe também foi superior, com redução no risco de morte de 24% em relação ao tratamento quimioterápico. Tal estudo consolida esse classe de drogas no arsenal terapêutico de pacientes portadoras de mutação germinativa em BRCA 1 ou 2, com ganhos robustos em desfechos de sobrevida, taxa de resposta e qualidade de vida, tornando a avaliação e aconselhamento genético de mulheres diagnosticadas com CM metastático aspecto imprescindível no cuidado e assistência às pacientes.

Abstract GS2-05 – Tripathy D e cols. First-line ribociclib vs placebo with goserelin and tamoxifen or a non-steroidal aromatase inhibitor in premenopausal women with hormone receptor-positive, HER2-negative advanced

O estudo MONALEESA 7  avaliou o uso de ribociclibe, droga inibidora de ciclina 4 e 6 (CDK4/6), em associação com o bloqueador hormonal central goserelina e tamoxifeno ou inibidor de aromatase não esteroidal (anastrozol ou letrozol), no tratamento de primeira linha em mulheres diagnosticadas com CM metastático receptor hormonal positivo HER2 negativo, em status hormonal de pré-menopausa. Ribociclibe foi utilizado na dose de 600 mg por via oral ao dia, do D1 a D21, em ciclos de 28 dias. As pacientes randomizadas para receber ribociclibe experimentaram um aumento na SLP em relação àquelas que receberam placebo, goserelina e tamoxifeno ou inibidor de aromatase, com SLP de 23,8 meses contra 13 meses (HR 0.585; 95% IC, 0.387-0.884). A taxa de resposta também favoreceu o braço experimental (51% versus 36%). Tempo até deterioração de qualidade de vida também foi desfecho favorável para o braço tratado com inibidor de CDK4 e 6.

Abstract GS06-02 – Goetz MP, O'Shaughnessy J, Sledge Jr. G. The benefit of abemaciclib in prognostic subgroups: An exploratory analysis of combined data from the MONARCH 2 and 3 studies

A apresentação referida mostrou os dados de análise de diferentes subgrupos de pacientes dos estudos MONARCH 2 e 3, em que abemaciclibe, inibidor de CDK4/6, foi associado a TE em diferentes linhas de tratamento de pacientes com CM metastático receptor hormonal positivo HER2 negativo. O objetivo foi avaliar se características clínico-patológicas dos pacientes poderiam identificar um grupo de indivíduos com maior ou menor benefício do acréscimo da droga alvo à TE. Foram avaliados fatores prognósticos como presença de doença hepática, doença óssea exclusiva, grau tumoral, performance status e expressão de receptor de progesterona Em geral, todos os subgrupos obtiveram benefício do acréscimo de abemaciclibe à TE. No entanto, a magnitude do ganho em sobrevida livre de progressão do acréscimo da droga-alvo foi particularmente importante para pacientes com fatores de mau prognóstico, como presença de doença hepática, alto grau tumoral e negatividade para receptor de progesterona. Embora conclusões definitivas não possam ser feitas baseadas apenas nessa análise, tais dados podem auxiliar na otimização e personalização do tratamento de pacientes com CM metastático receptor hormonal positivo.

Abstract GS2-06 – Loi, S e cols. Phase Ib/II study evaluating safety and efficacy of pembrolizumab and trastuzumab in patients with trastuzumab-resistant HER2-positive advanced breast cancer: results from the PANACEA study (IBCSG 45-13/BIG 4-13/KEYNOTE-014)

Esse estudo de fase Ib/II consistiu na avaliação da associação de pembrolizumabe com trastuzumabe em pacientes portadores de CM metastático HER2 positivo. Para inclusão no estudo, não havia limite em número de linhas de tratamentos prévios, mas as pacientes deveriam ter apresentado progressão a esquema de tratamento contendo trastuzumabe ou trastuzumabe emtansine. Na coorte de fase I, pacientes receberam pembrolizumabe na dose de 2 mg/kg ou 10 mg/kg, e na coorte de fase II a dose de pembrolizumabe utilizada para tratamento foi de 200 mg. Em ambas as fases do estudo trastuzumabe nas doses convencionais foi acrescentado ao tratamento. O desfecho primário do estudo de fase 2 foi taxa de resposta. Pacientes foram estratificados de acordo com a expressão de PD-L1 por imunohistoquímica e presença de linfócitos tumorais infiltrantes estromais (TILs). Foram recrutados 6 e 40 pacientes positivos para expressão de PD-L1 nos estudos de fase Ib e 2, respectivamente, além de 12 pacientes PD-L1 negativos na coorte de fase II. As taxas de resposta foram de 17% e 15% na coorte PD-L1 positiva nos estudos (fase Ib e II, respectivamente). Não foi registrada taxa de resposta objetiva na coorte PD-L1 negativa. No grupo PD-L1 positivo, tempo de controle de doença foi de 11,1 meses. Níveis mais elevados TILs foram associados com maior taxa de resposta e melhor controle de doença. Entre pacientes PD-L1 positivos, 41% apresentaram TILs ≥ 5%. A taxa de controle da doença foi de 47% em pacientes com TILs ≥ 5% versus 5% em pacientes com TILs <5%. Foram registrados 11 eventos adversos relacionados à resposta imune, incluindo 6 eventos de grau ≥3, sendo 4 desses eventos tendo resultado em descontinuação do tratamento. Disfunção de tireoide ocorreu em quatro pacientes. Houve quatro casos de pneumonite, incluindo dois casos com gravidade ≥3. Tais resultados indicam um possível papel para essa classe de drogas no subtipo de CM HER2+. No entanto, frente aos números encontrados em taxas de resposta, sugere-se que a combinação dessas drogas com outros agentes seja levada adiante para aumentar a atividade e índice terapêutico nos pacientes com CM.

Abstract GS01-07 – Bardia A e cols. Sacituzumab govitecan (IMMU-132), an anti-Trop-2-SN-38 antibody-drug conjugate, as ≥3rd-line therapeutic option for patients with relapsed/refractory metastatic triple-negative breast cancer (mTNBC): efficacy results

Sacituzumabe govitecan (IMMU-132) consiste no anticorpo anti Trop-2 (sacituzumabe) combinado à govitecan, metabólito ativo do irinotecano, com potência 100 a 1000 vezes superior em relação ao irinotecano administrado de forma endovenosa. Trop-2 é glicoproteína expressa na superfície celular de diversas linhagens de tumores sólidos epiteliais, incluindo tumores TN. Nesse estudo, sacituzumabe govitecan foi administrado na dose de 10mg/kg nos dias 1 e 8 de um ciclo de 21 dias até a progressão ou toxicidade inaceitável. Pacientes com CM TN foram recrutados e deveriam ter recebido pelo menos duas linhas de tratamento prévio para doença metastática. Foram tratados 110 pacientes com CM TN, com uma taxa de resposta de 34% (37/110), incluindo três respostas completas. Benefício clínico foi de 46%, com sobrevida livre de progressão mediana de 5,5 meses (95% CI: 4.8 to 6.6). Frente à grande carência em tratamentos clínicos ativos nesse contexto de doença, tais dados são extremamente promissores, sendo que o desenvolvimento da droga prossegue com estudo confirmatório de fase III.

Dra. Débora de Melo Gagliato, MD.
Oncologista clínica, Oncoville e Hospital Nossa Senhora das Graças, Curitiba/PR, Brasil; ex-fellow Breast Medical Oncology, The University of Texas, MD Anderson Cancer Center (Texas, Estados Unidos)