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SBOC REVIEW

Sacituzumabe Govitecana em Câncer de Mama Metastático Receptor Hormonal-Positivo/HER 2-Negativo

Resumo do artigo:

Sacituzumabe govitecana é um anticorpo-droga conjugado anti-Trop-2 que já demonstrou atividade em câncer de mama triplo negativo metastático previamente tratado, após ganho em sobrevida global em comparação a quimioterapia.

O estudo TROPiCS-02, publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO), avaliou o uso do mesmo anticorpo droga-conjugado porém em pacientes com câncer de mama metastático no cenário HR+/HER2-, previamente expostos à terapia endócrina, inibidor de CDK4/6 e a quimioterapias prévias.

Este é um estudo multicêntrico, fase III, randomizado 1:1 que incluiu 543 pacientes, ECOG 0 ou 1 para receber sacituzumabe govitecana 10 mg/kg D1, D8 a cada 21 dias vs. quimioterapia à escolha do investigador (eribulina, vinorelbina, capecitabina ou gencitabina) até progressão de doença ou toxicidade limitante. Importante lembrar que como critério de inclusão as pacientes necessariamente deveriam ter utilizado previamente terapia endócrina, inibidor de CDK 4/6 e a 2-4 linhas de quimioterapias, sendo exposição a taxano um critério obrigatório.

O desfecho primário analisado foi a sobrevida livre de progressão (SLP) por RECIST 1.1 por revisão central independente cega na análise final. Os desfechos secundários incluíram sobrevida global, resposta objetiva, benefício clínico, duração de resposta e segurança, sendo realizado de forma hierárquica.

A idade mediana da população avaliada foi de 56 anos. No momento do recrutamento, 95% das pacientes apresentavam metástases viscerais, 96% haviam recebido terapia endócrina no cenário metastático por ≥ 6 meses, 40% usaram inibidores CDK 4/6 por mais de 12 meses, sendo realizado em média 3 regimes de quimioterapia no cenário de doença metastática. Das pacientes randomizadas no grupo quimioterapia, 48% receberam eribulina, 23% vinorelbina, 21% gencitabina e 8% capecitabina.

Sacituzumabe govitecana demonstrou reduzir em 34% o risco de progressão de doença ou morte, sendo a SLPm de 5,5 vs. 4 meses (HR 0,66; IC 95% 0,53-0,83; P = 0,0003). O benefício em SLP a favor sacituzumabe govitecana manteve-se na maioria dos subgrupos, incluindo pacientes com ≥ 3 regimes quimioterápicos prévios, metástases viscerais e idade ≥ 65 anos.

Em relação aos desfechos secundários, sacituzumabe govitecana demonstrou ser numericamente superior em termos de sobrevida global quando comparado ao grupo quimioterapia, porém sem significância estatística (13,9 vs. 12,3 meses; HR 0,84; P = 0,14) até o momento. Todavia esses dados já foram atualizados e apresentados na ESMO 2022. As taxas de resposta objetiva (21% vs. 14%) e de benefício clínico (34% vs. 22%) foram maiores com sacituzumabe govitecana vs. quimioterapia e a duração mediana da resposta foi de 7,4 vs. 5,6 meses, respectivamente.

Em relação à análise de segurança, os principais eventos adversos graus ≥ 3 relatados nos grupos sacituzumabe govitecana vs. quimioterapia foram neutropenia (51% vs. 38%), leucopenia (9% vs. 5%), diarreia (9% vs. 1%), anemia (6% vs. 3%) e fadiga (6% vs. 2%), respectivamente.

Por fim, o estudo TROPiCS-02 demostrou que sacituzumabe govitecana aumenta a SLP em pacientes com câncer de mama metastático HR+/HER2- resistentes à terapia endócrina e previamente tratadas com perfil de segurança manejável neste grupo de pacientes, as quais infelizmente apresentam opções limitadas de tratamento.

 

 

Rugo HS, Bardia A, Marmé F, et al. Sacituzumab Govitecan in Hormone Receptor-Positive/Human Epidermal Growth Factor Receptor 2-Negative Metastatic Breast Cancer. Journal of Clinical Oncology. Published online August 26, 2022. DOI: 10.1200/JCO.22.01002.
Sacituzumabe Govitecana em Câncer de Mama Metastático Receptor Hormonal-Positivo/HER 2-Negativo.

 

Comentário da avaliadora científica:

Sacituzumabe govitecana demonstrou ser uma droga eficaz no tratamento de pacientes com câncer de mama metastática HR+/HER2-, aumentando não apenas SLP como também demonstrando ganho em sobrevida global, conforme atualização dos dados apresentados em setembro, na ESMO 2022. Houve aumento de SGm estatisticamente significativa (14,4 vs 11,2; HR 0,79; P=0,02), além de aumentar taxa de resposta e melhorar a qualidade de vida destas pacientes. Desta forma, estudo TROPiCS-02 demonstra que SG é uma nova opção terapêutica no tratamento de pacientes com câncer de mama metastática HR+/HER2- politradas. Aguardamos a aprovação da agência reguladora (Anvisa) para o uso desta medicação em nosso país.

 

Avaliadora científica:

Dra. Beatriz Alvarenga Gonzales
Residência Médica em Oncologia Clínica no Hospital AC Camargo Cancer Center - SP
Oncologista Clínica no Hospital Municipal Vila Santa Catarina (HIAE) e InRad (HC-FMUSP) - SP