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SBOC REVIEW

SBOC Review – ASCO GU 2017

Prostate Cancer – Luminal and basal subtyping of prostate cancer. First Author: Felix Yi-Chung Feng. Abstract No 3.

Atualmente não há uma classificação molecular do câncer de próstata para orientar o prognóstico e seleção dos tratamentos disponíveis. Neste estudo, 3.782 amostras de pacientes com câncer de próstata tratados com prostatectomia foram submetidos ao teste PAM50 para avaliação da expressão de um painel de 50 genes. Os pacientes foram classificados de acordo com a expressão gênica em 3 grupos: Luminal A, Luminal B e Basal. Nesta coorte, o grupo Luminal B apresentou piores desfechos em relação a sobrevida livre de recidiva bioquímica, sobrevida livre de metástases e sobrevida global, quando comparado aos subtipos Luminal A e Basal. Entretanto, foi demonstrado que pacientes do subgrupo Luminal B aparentemente tem maior benefício com terapia de privação androgênica.

Comentário: Estudo preliminar com grande número de pacientes, sendo realizada classificação molecular com base na expressão gênica (painel denominado PAM50). Apesar de demonstrar dados interessantes, ainda é necessária validação prospectiva da classificação proposta. Caso esta classificação seja validada, poderá ser útil na seleção de pacientes para receberem terapia de privação androgênica precoce após a prostatectomia radical.

Bladder Cancer – Muscle-invasive bladder cancer: Molecular subtypes and response to neoadjuvant chemotherapy. First Author: Roland Seiler. Abstract No 281.

O uso de quimioterapia neoadjuvante no tratamento do carcinoma urotelial de bexiga músculo-invasivo é associado a aumento de sobrevida global, mas ainda não há biomarcadores preditivos para seleção de pacientes. Neste estudo, amostras de RTU de bexiga obtidas antes do início da quimioterapia (QT) neoadjuvante foram avaliadas através de plataforma de expressão gênica com objetivo de subclassificação molecular. Neste estudo, pacientes com tumores basais da coorte que não recebeu QT neoadjuvante tiveram pior prognóstico em relação ao subgrupo de tumores luminais. Entretanto, no grupo que recebeu QT neoadjuvante, os pacientes com tumores basais tiverem sobrevida semelhante ao de tumores luminais, sugerindo que os tumores basais tem melhor resposta a QT.

Comentário: Este é um dos inúmeros estudos realizados com objetivo de classificação molecular do câncer de bexiga e também com objetivo de identificar um subgrupo com maior benefício do uso de quimioterapia neoadjuvante. Apesar de dados muito interessantes, esta classificação ainda precisa ser validada em coortes independentes. Outros estudos promissores identificaram alterações nos genes ERCC2, ATM, RB1, FANCC como potenciais biomarcadores preditivos de resposta a QT neoadjuvante.

Renal Cell Carcinoma – A phase II study of atezolizumab with or without bevacizumab vs. sunitinib in untreated metastatic renal cell carcinoma patients. First Author: David McDermott. Abstract No 431.

Estudo de fase II que avaliou 3 diferentes tratamentos de primeira linha em 305 pacientes com carcinoma renal metastático: Sunitinib vs Atezolizumab (Atezo) vs Atezolizumab + Bevacizumab (Bev). Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação a taxa de resposta ou sobrevida livre de progressão (SLP). Entretanto, em pacientes com expressão de PD-L1 ≥ 1%, houve maior taxa de resposta e SLP no grupo que recebeu Atezo+Bev. Em geral, os braços de tratamento experimentais tiveram boa tolerabilidade, em especial no grupo que recebeu Atezo monodroga.

Comentário: Estudo de fase II que comparou tratamento de primeira linha com Sunitinib vs anti-PDL1 em monoterapia ou em combinação com Bevacizumab.  Dados do estudo sugerem maior benefício da combinação em pacientes com expressão de PD-L1 ≥ 1%, com alta taxa de resposta e respostas duradouras. Ainda se trata de um estudo preliminar e estudos de fase III comparando sunitinib com a combinação de anti-PD1 ou anti-PDL1 com agentes anti-angiogênicos estão em curso na tentativa de definir o melhor tratamento de primeira linha do carcinoma renal metastático.

Germ cell tumors – A single-arm trial evaluating one cycle of BEP as adjuvant chemotherapy in high-risk, stage 1 non-seminomatous or combined germ cell tumors of the testis. First Author: Robert Anthony Huddart. Abstract No 400.

Estudo de braço único com tratamento adjuvante com 1 ciclo de quimioterapia com BEP em pacientes portadores de tumor germinativo não-seminomatoso estádio I de alto risco (presença de invasão linfo-vascular). Neste estudo, 236 pacientes receberam 1 ciclo de BEP após orquiectomia radical, com tolerabilidade razoável e taxa de neutropenia febril de 6,4%. A taxa de recorrência em 4 anos foi de 3,1%, sendo 1,8% de neoplasia viável e 1,3% como teratoma puro.

Comentário:  Este estudo confirma a eficácia de 1 ciclo adjuvante de BEP em pacientes com tumor não-seminomatoso de testículo de alto risco, sendo uma opção de tratamento para estes pacientes após a orquiectomia radical. Outras opções a serem discutidas com o paciente são a vigilância ativa e a linfadenectomia retroperitoneal, todas com sobrevida de longo prazo de cerca de 99%.

Penile Cancer – Dacomitinib induction therapy for locally advanced or metastatic penile squamous cell carcinoma: An open label, single-arm, phase II study. First Author: Andrea Necchi. Abstract No 399.

O tratamento de pacientes com carcinoma espinocelular (CEC) de pênis localmente avançado ou metastático basea-se no uso de quimioterapia (QT), com cirurgia sendo recomendada após a QT em pacientes com envolvimento de linfonodos pélvicos. Os resultados são limitados e uma parte significativa dos pacientes apresenta progressão de doença com os regimes de tratamento atualmente disponíveis. Neste estudo de fase II foram incluídos 26 pacientes para receberem tratamento com Dacomitinib, um inibidor irreversível do EGFR/HER1, HER2 e HER4, na dose de 45 mg via oral ao dia. A taxa de resposta foi de 30,4%, sendo 1 resposta completa e 7 respostas parciais. Estudo translacional demonstrou que somente 2 pacientes eram HPV positivos e que mutações no gene TERT (60%) foram encontradas somente nos respondedores e mutações em genes associados a resistência a terapias anti-EGFR foram encontradas em 47% dos não respondedores.

Comentário:  Estudo de fase II avaliando uma droga anti-EGFR/HER no tratamento do CEC de pênis avançado, demonstrando eficácia e tolerabilidade aceitável. Dados ainda iniciais e aguardamos estudo em uma coorte maior, especialmente com uso de pesquisa translacional para identificar um subgrupo de pacientes com maior benefício com este tratamento.

Diogo Assed Bastos, MD

  • Membro Titular do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês e Médico Oncologista do Serviço de Uro-Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).