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SBOC REVIEW

SBOC Review – Edição especial ESMO 2023 – Tumores cutâneos

1. LBA50 – Three-year survival with tebentafusp in previously untreated
2. LBA48 – Pathologic response and exploratory analyses of neoadjuvant-adjuvant versus adjuvant pembrolizumab (PEM) for resectable stage IIIb-IV melanoma from SWOG S1801
3. 1083MO – Brain metastases and survival evaluation in the SECOMBIT trial
4. 1085O – Atezolizumab, bevacizumab, and cobimetinib (TACo) in patients (pts) with PD1 refractory melanoma brain metastases (MBM)
5. 1088MO – A phase II study of neoadjuvant cemiplimab for stage II to IV cutaneous squamous cell carcinoma (CSCC): One-year follow-up

 

1. Melanoma uveal: atualização de sobrevida global tebentafusp

O melanoma uveal metastático tem uma taxa de sobrevida global (SG) em 1 ano historicamente na faixa de 52%. O Tebentafusp (tebe) é aprovado para pacientes adultos com melanoma uveal metastático ou irressecável HLA-A*02:01+, conforme dados já apresentados de melhora significativa de sobrevida global dos pacientes que utilizaram tebentafusp em comparação com a escolha do investigador (IC) [HR 0,51] com uma taxa de SG em 1 ano de 73% versus 59 %, respectivamente. Este ano na ESMO, foram apresentadas as análises atualizadas de 3 anos do estudo Ph3. Após um acompanhamento mínimo de 36 meses, a SG estimada em 3 anos de tebentafusp foi de 27% (IC 95% 22-33%) vs 18% (IC 95% 11-25%) para os pacientes que utilizaram esquema a escolha do investigador (pembrolizumabe, ipilimumabe ou dacarbazina) com separação mantida das curvas de sobrevida. O benefício da SG do tebentafusp também foi observado em pacientes com fatores de mau prognóstico conhecidos no cenário metastático. Um terço dos que responderam ao tebentafusp ainda respondiam aos 18 meses. Nenhum novo sinal de segurança foi identificado. A taxa de descontinuação do tratamento devido a eventos adversos relacionados continuou a ser menor no braço tebentafusp (2% vs 5%). Não houve mortes relacionadas ao tratamento. Esta atualização foi publicada simultaneamente no NEJM, solidificando ainda mais o tebentafusp como tratamento padrão de primeira linha nesta população.

 

2. Melanoma Neo/Adjuvante: Novos dados SWOG S1801

Pacientes com melanoma avançado enfrentam um risco significativo de recidiva mesmo após a cirurgia. Adicionar imunoterapia à cirurgia é considerado mais eficaz do que apenas a cirurgia. O estudo de fase II SWOG S1801 – cujos resultados foram apresentados na ESMO 2022 – demonstrou que a imunoterapia perioperatória resultou em melhor sobrevida do que a imunoterapia adjuvante isoladamente. Apresentado este ano que o uso terapia neoadjuvante com pembrolizumabe de agente único no melanoma ressecável em estágio IIIB-IV resulta em uma taxa de resposta patológica principal de 51% (pCR + pnCR) com 40% de respostas patológicas completas. As taxas de sobrevida livre de recorrência em 2 anos são mais altas naqueles que alcançam resposta patológica ou radiográfica. Esses dados sugerem que o pembrolizumabe perioperatório resulta em alterações tumorais favoráveis na maioria dos pacientes.

 

3. SECOMBIT: análise de metástases cerebrais

Apesar da disponibilidade de terapias sistêmicas eficazes, um número significativo de pacientes com melanoma avançado desenvolve metástases cerebrais. No estudo SECOMBIT, os pacientes receberam a combinação de encorafenibe/binimetinibe (E+B) como terapia direcionada (T-T) ou a combinação de ipilimumabe/nivolumabe (I+N) como imunoterapia (I-O). Nos dados apresentados na ESMO, foram atualizados os resultados de sobrevida e feita análise da incidência e do momento do início da metástase cerebral eram significativamente diferentes em pacientes que receberam T-T (braço A) ou I-O (braço B) como primeira linha com mudança na progressão, bem como a estratégia “sanduíche” com T-T primeiro pré-planejado mudou para combo I-O após 8 semanas, retornando ao T-T após a progressão (Braço C). De novembro de 2016 a maio de 2019, dos 251 pacientes inscritos, 69 foram randomizados no braço A, 71 no braço B e 69 no braço C. BMFS (Brain Metastasis Free Survival) foi definido como o tempo desde o início da primeira terapia sistêmica até nova detecção de metástase cerebral ou último contato de pacientes (BMFS censurado). O método Kaplan-Meier foi utilizado para estimar OS e PFS. A mediana de acompanhamento foi de 43 meses (IQR: 37-51). Os pacientes tratados nos braços B e C tiveram um risco menor de desenvolver metástases cerebrais em comparação aos pacientes no braço A. As metástases cerebrais ocorreram durante o tratamento de primeira linha, em 17, 6 e 8 pacientes, respectivamente, tratados nos braços A, B e C. Durante o estudo, foi detectada progressão intracraniana em um total de 23, 11 e 9 pacientes nos braços A, B e C. O HR exploratório para BMFS foi de 0,51 (0,25-1,04) para braço B vs braço A, e 0,37 (0,17-0,81) para braço C vs braço A. Na análise de biomarcadores, os pacientes com alta carga mutacional tumoral (TMB, ≥10 mut/mb) tiveram um BMFS melhorado em comparação com os pacientes com baixo TMB [HR 0,20 (0,05-0,95)]. Os pacientes com mutação JAK tiveram um BMFS melhor em comparação com os pacientes do tipo selvagem [HR 0,26 (0,06-1,12)]. Logo, os pacientes nos braços B e C tiveram um BMFS mais longo em comparação com os pacientes que iniciaram o tratamento com T-T. A taxa de BMFS aos 4 anos foi melhor em pacientes com TMB elevado e em pacientes com mutação JAK.

 

4. Pacientes com metástases cerebrais refratárias: TACo

O bloqueio combinado do ponto de controle imunológico (ICB) atinge respostas duradouras frequentes em pacientes com melanoma com metástases cerebrais não tratadas. No entanto, os tratamentos sistêmicos após falha do ICB são limitados, especialmente em pacientes BRAF selvagem. Neste estudo de fase II de centro único avaliou a segurança e eficácia de atezolizumabe, bevacizumabe e cobimetinibe em 20 pacientes com metástases cerebrais de melanoma refratária ao tratamento. A taxa de resposta intracraniana e a taxa de benefício intracraniano foram de 39% e 56%, respectivamente. A segurança foi consistente com as expectativas, com 18 pacientes apresentando eventos adversos relacionados ao tratamento e 7 (35%) apresentando eventos adversos relacionados ao tratamento de grau 3/4. Embora a sobrevida média livre de progressão tenha sido de 2,7 meses, a sobrevida global mediana foi de 9,3 meses. Sete pacientes (35%) receberam tratamento além da progressão da doença, incluindo radiocirurgia estereotáxica, após avaliação pela clínica multidisciplinar de metástase cerebral do MD Anderson Cancer Center da Universidade do Texas.

 

5. Atualização de neoadjuvância com cemiplimabe para carcinoma espinocelular

Este estudo incluiu 79 participantes com carcinoma espinocelular estágio II-IV ressecável tratados com cemiplimabe neoadjuvante seguido de cirurgia com intenção curativa. Anteriormente, já foi publicado uma alta taxa de resposta patológica completa (pCR) ou resposta patológica principal (MPR) ao cemiplimabe neoadjuvante. Este ano foram apresentados e simultaneamente publicados no Lancet os dados de acompanhamento de 1 ano de sobrevida livre de eventos, sobrevida livre de doença e sobrevida global (EFS, DFS, OS). Com base na resposta ao tratamento, os pacientes receberam até 48 semanas de cemiplimabe adjuvante, radioterapia ou apenas observação. A sobrevida livre de eventos estimada em 12 meses foi de 89%. Notavelmente, nenhum dos 40 pacientes com resposta patológica completa apresentou recorrência. Os resultados indicam que o cemiplimabe neoadjuvante seguido de cirurgia é uma opção de tratamento viável para o carcinoma espinocelular cutâneo avançado e operável. Um ensaio de fase III está planejado para testar esta nova abordagem.

 

Avaliador:

Dra Caroline Albuquerque

Oncologista clínica Oncoclínicas-Hospital São Lucas PUCRS