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SBOC REVIEW

Seguimento de pacientes com câncer colorretal após adjuvância: qual a melhor evidência?

Desde os anos 90, testemunhamos um aumento progressivo da sobrevida mediana de pacientes com câncer colorretal (CCR) avançado e, certamente, a abordagem cirúrgica / ablativa de lesões metastáticas contribuiu de forma significativa. Por esse motivo, é habitual avaliar os pacientes regularmente após o tratamento curativo com uma combinação de CEA e imagens, apesar de não possuirmos fortes evidências para guiar a melhor forma de seguimento. Neste contexto, dois artigos foram recentemente publicados na revista JAMA.

O estudo COLOFOL1, por Wille-Jorgensen et al, foi conduzido em 24 centros da Dinamarca, Suécia e Uruguai e comparou dois esquemas de rastreamento após adjuvância – alta ou baixa intensidade – em 2509 pacientes com CCR estádio II ou III. O primeiro consistia em CEA e Tomografias em 6, 12, 18, 24 e 36 meses após cirurgia e o segundo oferecia esses exames após 12 e 36 meses. Não foi encontrada diferença na mortalidade global (13% versus 14%) ou CCR específica (10,6% versus 11,4%) em 5 anos, respectivamente. Também não foi encontrada diferença na detecção de recorrência nem na avaliação exclusiva dos pacientes com estádio III somente.

O segundo estudo, por Snyder et al, foi uma coorte retrospectiva com dados do NCDB de mais de 1500 centros americanos incluindo 8529 pacientes com estádio I, II e III. Eles foram divididos naqueles que foram acompanhados em facilidades com alta intensidade de exames (mediana de 2,87 imagens e 4,31 CEA em 3 anos) ou baixa intensidade (mediana de 1,63 imagens e CEA em 3 anos). Como no estudo anterior, não foi encontrada diferença entre os desfechos, sendo o primário, tempo para detecção de recorrência. A taxa de cirurgias e sobrevida global em 7 anos (65,6% versus 65,5%) também não diferiu entre os grupos.

Wille-Jorgensen e cols. JAMA 2018. May 22;319(20):2095-2103. PMID: 29800179

Snyder RA e cols. JAMA 2018. May 22;319(20):2104-2115. PMID: 29800181

Comentário: Apesar das limitações dos dois estudos, que envolvem tanto a natureza retrospectiva como critérios diagnósticos mais permissivos para doença metastática à inclusão, seguimento por 3 anos somente e dados de recorrência e sobrevida em 5 anos oriundos de registros, ambos incluíram um número considerável de pacientes e os resultados são consistentes com o que já foi publicado pelo estudo FACS previamente. No momento, esses resultados compõem o melhor nível de evidência possível de forma que as recomendações atuais devem ser revistas e readequadas. Provavelmente no futuro, com a disponibilização de biópsias líquidas, poderemos seguir cada paciente de forma mais individualizada.

Maria Ignez Braghiroli, MD
Médica oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e da Oncologia Rede D’Or. Membro do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais