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SBOC REVIEW

Sobrevida Global com Osimertinibe em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células metastático EGFR mutado

Resumo do artigo:
Em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) avançado ou metastático com mutações no gene EGFR sensíveis (deleções do exon 19 ou mutações pontuais do L858R) aos inibidores de tirosina quinase (TKI), as diretrizes recomendam o tratamento com um TKI anti-EGFR. Atualmente temos quatro drogas aprovadas no Brasil para uso nesse cenário: Gefitinibe, Erlotinibe, Afatinibe e Osimertinibe. Após os dados iniciais do estudo FLAURA, a opção preferida em primeira linha no que diz respeito a eficácia e segurança para este subgrupo de pacientes é o osimertinibe.

O osimertinibe é um inibidor irreversível de terceira geração do receptor de tirosina quinase do fator de crescimento epidérmico (EGFR-TKI) que inibe seletivamente as mutações sensibilizadoras e à resistência ao EGFR T790M. O estudo de fase 3 FLAURA comparou o uso de osimertinibe em primeira linha de tratamento com TKI’s de primeira geração anti-EGFR em pacientes com CPNPC avançado EGFR mutados. Os resultados iniciais evidenciaram maior sobrevida livre de progressão com osimertinibe do que com os TKI’s anti-EGFR de primeira geração (taxa de risco para progressão ou morte da doença, 0,46). 556 pacientes com CPNPC avançado EGFR mutado (deleção do exon 19 ou alelo L858R) virgens de tratamento foram randomizados em uma proporção de 1: 1 para receber osimertinibe (80 mg uma vez ao dia) ou um TKI anti-EGFR de primeira geração (gefitinibe 250 mg uma vez ao dia ou erlotinibe 150 mg uma vez ao dia). O desfecho primário do estudo foi sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG) foi um dos desfechos secundários.

A SG mediana foi de 38,6 meses (intervalo de confiança de 95% [IC], 34,5 a 41,8) no grupo osimertinibe e 31,8 meses (IC de 95%, 26,6 a 36,0) no grupo comparador (HR, 0,80; IC 95,05%, 0,64 a 1,00; P = 0,046). Aos 3 anos, 79 de 279 pacientes (28%) no grupo osimertinibe e 26 de 277 (9%) no grupo comparador continuavam recebendo o mesmo tratamento, e a duração de resposta mediana foi de 20,7 meses e 11,5 meses, respectivamente. Eventos adversos de grau 3 ou superior foram relatados em 42% dos pacientes no grupo osimertinibe e em 47% daqueles no grupo comparador.

No total, 133 pacientes (48%) no grupo osimertinibe e 180 (65%) no grupo comparador iniciaram terapia subsequente após a descontinuação do tratamento designado. Desses pacientes 47% no grupo comparador receberam osimertinibe como a primeiro tratamento subsequente (ou seja 31% dos 277 do grupo comparador).

Portanto, em pacientes com CPNPC EFGR mutado sem tratamento sistêmico prévio o uso de osimertinibe em primeira linha demonstrou maior sobrevida global do que o grupo controle apesar da taxa de crossover. O perfil de segurança foi similar entre as drogas, mesmo com o uso prolongado do osimertinibe.

 

Overall Survival with Osimertinib in Untreated, EGFR-Mutated Advanced NSCLC. S.S. Ramalingam et al, NEJM, November 21, 2019.
Sobrevida Global com Osimertinibe em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células metastático EGFR mutado.

 

Comentários do editor:

- O estudo FLAURA é o primeiro estudo a mostrar benefício em sobrevida geral com um inibidor de tirosina quinase de terceira geração versus inibidores de tirosina quinase de primeira geração em NSCLC.

- Aos 3 anos, 28% do grupo osimertinibe e 9% do grupo controle permanecem em tratamento de primeira linha. Esses dados reforçam o osimertinibe como o padrão de tratamento para a terapia de linha de frente quando comparado com os inibidores de primeira geração.

- A sobrevida global do braço controle está entre as mais altas já relatadas para inibidores de tirosina quinase, uma das justificativas é que 31% dos pacientes no grupo controle receberam osimertinibe na progressão da doença. Mesmo com isso, houve um incremento de 6 a 8 meses na sobrevida global no braço osimertinibe.

- Além disso o osimertinibe possui melhor penetração no cérebro do que os inibidores mais antigos da tirosina quinase. As respostas foram observadas em 70% a 90% dos pacientes com CPCNP que apresentam metástases cerebrais.

 

Editora:
Dra. Ana Gelatti
Oncologista clínica especialista em oncologia torácica do Grupo Oncoclínicas Porto Alegre, Investigadora do Centro de Pesquisa Oncologia Hospital São Lucas PUC/RS, Mestre em Medicina e Ciências da Saúde PUC/RS, Vice-Presidente Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica, membro da Diretoria SBOC.

Revisora:
Dra. Adriana Hepner

Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.