Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Taxas de recaída e mortalidade específica da doença após procedimentos para preservação da fertilidade no momento do diagnóstico do câncer de mama

Resumo do artigo:

O câncer de mama é a indicação mais comum para preservação da fertilidade em mulheres em idade reprodutiva. Os procedimentos para preservação geralmente incluem estimulação hormonal, mas os dados atuais são escassos sobre se o uso de estimulação hormonal para preservação da fertilidade está associado a alguma deterioração no prognóstico do câncer de mama.

Um estudo de coorte prospectivo sueco foi realizado para avaliar a segurança dos procedimentos de preservação de fertilidade hormonais e não hormonais indicados para câncer de mama na Suécia de 1º de janeiro de 1994 a 30 de junho de 2017. A população final do estudo incluiu 1.275 mulheres com idade entre 21 e 42 anos no momento do diagnóstico de câncer de mama, das quais 425 mulheres receberam tratamentos de preservação de fertilidade (criopreservação de tecido ovariano em 58 mulheres, criopreservação de oócitos e/ou embriões em 362 mulheres, e uma combinação desses métodos em 5 mulheres) e 850 comparadores populacionais que não foram submetidas a preservação de fertilidade.

O objetivo do estudo foi investigar o risco de mortalidade específica da doença e recidiva em mulheres submetidas a preservação de fertilidade com ou sem estimulação hormonal em comparação com mulheres que não o fizeram no momento do diagnóstico de câncer de mama.

Como resultados, após estratificação pelas variáveis – idade, período do calendário e região e ajuste para país de nascimento, educação, paridade no diagnóstico, tamanho do tumor, número de metástases linfonodais e status do receptor de estrogênio – a mortalidade específica da doença foi semelhante em mulheres que submetidas a preservação de fertilidade hormonal (taxa de risco ajustada 0,59; IC 95%, 0,32-1,09), mulheres que foram submetidas a preservação de fertilidade não hormonal (0,51; IC 95%, 0,20-1,29) e mulheres que não foram expostas a preservação. Em uma subcoorte com dados detalhados sobre recidiva, a taxa ajustada de mortalidade específica da doença e recidiva também foram semelhantes entre os grupos que foram submetidos a preservação hormonal (0,81; IC 95%, 0,49-1,37), submetidos a preservação não hormonal (0,75; IC 95%, 0,35-1,62). A taxa de sobrevida específica em 5 anos por câncer de mama foi de 96% no grupo submetido a preservação hormonal, 93% no grupo submetido a preservação não hormonal e 90% no grupo não exposto. As estimativas correspondentes após 10 anos foram 88%, 90% e 81%, respectivamente.

Assim, neste estudo de coorte, preservação de fertilidade com ou sem estimulação hormonal não foi associada a nenhum risco aumentado de recaída ou mortalidade específica da doença em mulheres com câncer de mama.

 

 

Anna Marklund, Tobias Lekberg, Elham Heydati, et al. Relapse Rates and Disease-Specific Mortality Following Procedures for Fertility Preservation at Time of Breast Cancer Diagnosis. JAMA Oncol. Published online August 25, 2022. doi:10.1001/jamaoncol.2022.3677.
Taxas de recaída e mortalidade específica da doença após procedimentos para preservação da fertilidade no momento do diagnóstico do câncer de mama.

 

Comentário da avaliadora científica:

O câncer de mama é o mais comum em mulheres jovens, e geralmente apresenta características biológicas mais agressivas e estágio mais avançado ao diagnóstico do que em mulheres de mais idade. Dessa forma, as mulheres jovens geralmente recebem tratamento mais intensivo, com quimioterapia, que podem levar à infertilidade.

Deve-se fazer recomendações sobre o potencial risco de infertilidade devido ao tratamento quimioterápico e sobre a possibilidade de realizar preservação da fertilidade o mais precoce possível desde o diagnóstico. Além do que, todos os profissionais de saúde oncológicos devem estar preparados para discutir o assunto.

Atualmente, os métodos estabelecidos para pacientes mulheres incluem a criopreservação de embriões, oócitos e tecido ovariano. Essa, pode ser oferecida quando a condição da paciente permite que ela seja submetida a um tratamento de estimulação ovariana controlada, que requer em média cerca de 2 semanas para ser concluído. Neste estudo sueco de coorte de mulheres com câncer de mama em idade reprodutiva, a sobrevida específica da doença e livre de recidiva foi semelhante para mulheres submetidas a preservação de fertilidade hormonal e não hormonal e mulheres não expostas a preservação de fertilidade.

Diante disso, as mulheres diagnosticadas com câncer de mama em idade fértil devem ser encaminhadas para aconselhamento sobre fertilidade e munidas das informações disponíveis sobre a segurança dos procedimentos oferecidos.

 

Avaliadora científica:

Dra. Emanuella Benevides Poyer
Residência Médica de Oncologia Clínica pela Instituto Nacional do Câncer (INCA)
Oncologista Clínica no Centro de Oncologia do Paraná
Oncologista Clínica no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie - Curitiba/PR