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SBOC REVIEW

Tratamento com apalutamida e sobrevida livre de metástases no câncer de próstata

O tratamento do câncer de próstata metastático evoluiu muito nos últimos anos com surgimento de novas drogas (abiraterona/enzalutamida) e novas estratégias terapêuticas (CHAARTED, LATITUDE, STAMPEDE). Entretanto, o cenário dos pacientes com câncer de próstata não metastático que desenvolvem resistência à castração (nmCPRC) ainda é um desafio muito comum na prática clínica. O SPARTAN trial, publicado este mês no NEJM e apresentado na ASCO GU 2018, avaliou o tratamento desses pacientes com apalutamida, um novo inibidor competitivo do receptor androgênico.

Estudo de fase III, placebo controlado e randomizado, incluiu pacientes com nmCPRC e alto risco de desenvolvimento de metástases (tempo de duplicação do PSA < 10 meses). Os pacientes foram avaliados com cintilografia óssea e tomografias e eram excluídos no caso de metástases à distância. Pacientes com linfonodos pélvicos < 2 cm e abaixo da bifurcação aórtica poderiam ser incluídos. Foram randomizados 1.207 pacientes para receber apalutamida 240 mg/dia ou placebo. Após seguimento mediano de 20,3 meses, o estudo atingiu seu objetivo primário: a sobrevida livre de metástases mediana foi de 40,5 meses no grupo da apalutamida versus 16,2 meses no grupo placebo (HR = 0,28%, p < 0,001). Os desfechos secundários tempo para metástases, sobrevida livre de progressão e tempo para progressão sintomática também foram significativamente mais longos com o uso da apalutamida (p <0,001 para todos). A taxa de descontinuação da terapia por eventos adversos foi de 10,6% com apalutamida versus 7,0% com placebo. Os eventos adversos mais comuns relacionados à apalutamida foram: fadiga, rash, quedas, fraturas e hipotireoidismo.

Smith MR et al. N Engl J Med, 2018 Feb 8. PMID: 29420164

Comentário: O estudo é positivo pois atingiu seu objetivo primário e não há dúvidas de que a apalutamida é uma droga ativa no câncer de próstata. Entretanto, os pacientes incluídos eram de alto risco para metástases à distância e não foram avaliados com métodos mais modernos de imagem como PET-PSMA. Os dados de sobrevida global ainda são iniciais, e não sabemos o benefício clínico da apalutamida em pacientes com doença menos agressiva.

Dr. Leonardo Atem Costa
Oncologista clínico e diretor clínico Fujiday Oncologia D’Or em Fortaleza-CE
Membro da SBOC