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SBOC REVIEW

Tumores Geniturinários – Especial ASCO

Resumo #5000: Karim Fizazi e colegas. Estudo de fase 3 com desenho fatorial 2x2 de acetato de abiraterona mais prednisona e / ou radioterapia local em homens com câncer de próstata metastático recém diagnosticados sensível à castração (mCSPC): primeiros resultados do PEACE-1

Resumo # LBA4: Michael J. Morris e colegas. Estudo de fase III do lutécio-177-PSMA-617 em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (VISION)

Resumo do artigo:

Historicamente, a terapia de deprivação androgênica (ADT) era o padrão único de tratamento para o Câncer de Próstata metastático sensível a castração (mCSPC). Em 2015, com a apresentação e publicação do estudo CHAARTED, uma importante mudança de paradigma aconteceu, separando pela primeira vez dois grupos de fenótipos diferentes: o de baixo volume e o de alto volume de doença. Desde então, com o advento dos novos agentes hormonais, o padrão de tratamento mudou em virtude das evidências de estudos fase III robustos que mostraram claros ganhos de sobrevida global (SG) e também de outros endpoints neste cenário.

Já no contexto da doença metastática resistente a castração (mCRPC), onde o benefício do docetaxel já havia sido demonstrado há décadas, nos últimos anos inúmeros agentes hormonais e não hormonais levaram a ganhos sem procedentes de SG. E mais recentemente, novos agentes surgiram para compor este arsenal, explorando a eventual presença de alterações nos genes de reparo de DNA, é o caso da aprovação de um inibidor da PARP, o olaparibe e também um novo conceito surgiu (o teranóstico) com a incorporação dos radiofármacos.

O estudo PEACE-1 é um estudo FASE III que avalia o papel da abiraterona em combinação com a terapia padrão (ADT +/- docetaxel) versus terapia padrão (SOC). Este estudo teve um desenho fatorial do tipo 2x2, o que permite analisar os outros braços do estudo em separado (SOC + abiraterona + Radioterapia versus SOC + radioterapia), o qual não foi apresentado na ASCO 2021.

No estudo PEACE-1, foram randomizados 1173 pacientes, sendo 57% deles considerados de alto volume e o docetaxel foi utilizado em combinação com abiraterona e SOC em 60% dos casos.

Dois objetivos co-primários foram explorados nesta análise inicial: a SG e sobrevida livre de progressão (SLP). Houve um ganho significativo da SLP (HR 0,50 com IC 0,40-0,62, p< 0,0001) favorecendo o braço de combinações (abi, docetaxel e SOC), com uma diferença na mediana de 2,5 anos. Nenhum aumento de toxicidade foi observado nesta combinação de tratamentos. O tempo de seguimento ainda é curto para detectar benefício na SG. Como análise, o estudo PEACE-1 pode ser comparado ao estudo ENZAMET, apresentado na ASCO 2019 e publicado na sequencia, onde o HR de benefício da enzalutamida em PFS foi de 0,48, porém não houve benefício do acréscimo do docetaxel.

O VISION Trial foi um estudo randomizado, multicêntrico, internacional, fase III, aberto que avaliou o uso do 177Lu-PSMA-617 em 831 pacientes com PET-PSMA positivo e previamente tratados com agentes hormonais de ultima geração e/ou 1 ou 2 taxanes prévios. O braço controle do estudo, definido pelos autores como SOC, utilizou bloqueio hormonal, corticoide e radioterapia. À época do início do recrutamento dos pacientes, em junho de 2018, houve uma saída significativa dos pacientes que foram randomizados para o braço de SOC (cerca de 56%). Desta forma algumas emendas na definição dos endpoints SLP e SG foram feitas. Este estudo foi positivo para SG, com ganho de mediana de 15,3 meses favorecendo o Lu-PSMA versus 11,3 meses (HR 0,62, IC 0,52-0,74 e p< 0,001). Houve ganho também da SLP, com mediana de 8,7 meses versus 3,4 meses (HR 0,40, IC 0,29-0,57 p<0,001). Outros endpoints também favoreceram o radiofármaco: tempo para o primeiro evento esquelético, taxa de resposta ao PSA e tempo para a deterioração pelos questionários FACT-P e BPI-SF. A toxicidade do rádio fármaco não foi desprezível neste estudo, onde 43% dos pacientes apresentaram fadiga em todos os graus (6% grau 3 ou superior) e xerostomia em 38,8%. A toxicidade medular aconteceu em menos de 20% dos casos e raramente em graus 3 e 4.

Este estudo tem alguns pontos críticos de discussão, sendo o principal deles, a ausência de um braço controle ativo como comparador, aos moldes do que foi feito no estudo TheraP, de fase II randomizado. Além disto, não foi permitido o crossover para os pacientes que progrediram no braço de SOC.

 

Karim Fizazi et al. A phase 3 trial with a 2x2 factorial design of abiraterone acetate plus prednisone and/or local radiotherapy in men with de novo metastatic castration-sensitive prostate cancer (mCSPC): First results of PEACE-1. ABSTRACT 5000.
Resumo #5000: Karim Fizazi e colegas. Estudo de fase 3 com desenho fatorial 2x2 de acetato de abiraterona mais prednisona e / ou radioterapia local em homens com câncer de próstata metastático recém diagnosticados sensível à castração (mCSPC): primeiros resultados do PEACE-1.

Michael J. Morris et al. Phase III study of lutetium-177-PSMA-617 in patients with metastatic castration-resistant prostate cancer (VISION). ABSTRACT LBA4.
Resumo # LBA4: Michael J. Morris e colegas. Estudo de fase III do lutécio-177-PSMA-617 em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (VISION).

 


 

Resumo #4500: Brian I. Rini e colegas. Pembrolizumabe (pembro) mais axitinibe (axi) versus sunitinibe como terapia de primeira linha para carcinoma de células claras renais avançado (ccRCC): Resultados após seguimento de 42 meses do KEYNOTE-426

Resumo #LBA5: Toni K. Choueiri e colegas. Pembrolizumabe versus placebo como terapia adjuvante pós-nefrectomia em pacientes com carcinoma de células renais: estudo randomizado duplo-cego de fase 3 KEYNOTE-564

Resumo do artigo:

Desde 2005, com o advento dos primeiros TKIs a mostrarem benefício no tratamento dos carcinomas de células renais metastático (CCRm), a evolução não parou mais de acontecer. A chegada da imunoterapia acrescentou melhora nos principais parâmetros avaliados nos estudos, levando a um conceito de que pode ser possível se obter controle a longo prazo em um subgrupo de pacientes com doença avançada. Por outro lado, os TKIs não se mostraram efetivos na adjuvância, por serem considerados muito tóxicos e por não demonstrarem ganho significativo de SG.

O primeiro estudo de destaque em CCR é o KEYNOTE 426 que avaliou o papel da combinação do pembrolizumabe e axitinibe versus sunitinibe no tratamento do CCRm, em todos os subgrupos de risco. Os dados previamente conhecidos da análise interina, já mostravam maior beneficio em SG, SLP e taxa de resposta para esta combinação. Em um seguimento de 42 meses, a melhora em SG continua estatisticamente positiva, com mediana de 45,7 vs 40,1 meses (HR 0,73) e SLP de 15,7 versus 11,1 meses (HR 0,68). A taxa de resposta foi de 60 versus 39%, com 10% de resposta completa.

E finalmente os dados do estudo KEYNOTE 564, apresentado em sessão plenária. Este estudo de fase III, multicêntrico, randomizou 994 pacientes com CCR do tipo células claras, doença localizada de risco intermediário e alto risco e também pacientes com doença oligometastática ressecada (M1 sem evidência de doença). A nefrectomia foi realizada em até 12 semanas da randomização para pembrolizumabe ou placebo. A duração do tratamento foi de 01 ano e o objetivo primário foi a SLP e secundário a SG. Este estudo mostrou uma redução de 32% do risco de recorrência (HR 0,68, p< 0,001) e em dois anos 77,3% estavam vivos sem doença contra 68% do braço placebo. A análise de sobrevida global do KEYNOTE 564 ainda está imatura para uma análise, porém as curvas já mostram algum sinal de benefício, porém um maior seguimento é necessário para uma análise final. A segurança dos pacientes foi bem avaliada e nenhum novo potencial de toxicidade imunomediada foi identificada neste cenário. O tratamento adjuvante do carcinoma renal deve ser bem balanceado em aspectos sensíveis que incluem: a ausência de SG neste momento, o risco de over treatment, potencial de efeitos adversos, qualidade de vida, custo e acesso ao tratamento.

 

Brian I. Rini et al. Pembrolizumab (pembro) plus axitinib (axi) versus sunitinib as first-line therapy for advanced clear cell renal cell carcinoma (ccRCC): Results from 42-month follow-up of KEYNOTE-426. ABSTRACT 4500.
Resumo #4500: Brian I. Rini e colegas. Pembrolizumabe (pembro) mais axitinibe (axi) versus sunitinibe como terapia de primeira linha para carcinoma de células claras renais avançado (ccRCC): Resultados após seguimento de 42 meses do KEYNOTE-426.

Toni K. Choueiri et al. Pembrolizumab versus placebo as post-nephrectomy adjuvant therapy for patients with renal cell carcinoma: randomized, double- blinded, phase III KEYNOTE-564 study. ABSTRACT LBA5.
Resumo #LBA5: Toni K. Choueiri e colegas. Pembrolizumabe versus placebo como terapia adjuvante pós-nefrectomia em pacientes com carcinoma de células renais: estudo randomizado duplo-cego de fase 3 KEYNOTE-564.

 

 

Avaliador científico:

Dr. Igor A. Protzner Morbeck
Residência em oncologia clínica pela Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte
Coordenador do Comitê de Tumores Urológicos da SBOC e Diretor da SBOC (Biênio 2019-2021)
Oncologista titular do Hospital Sírio-Libanês